Morador de Brasília, o engenheiro e empresário da construção civil Paulo Henrique Vasconcelos, 45 anos, calculou tudo na ponta do lápis e trocou o veículo convencional (Audi Q3 2012) por um modelo BMW i3 em 2017. “Dei o meu carro de entrada e as outras prestações foram pagas com a economia de combustível que passei a ter”, revela. “O modelo elétrico realmente apresenta uma redução significativa de valores e em 24 meses ele já estava quitado.”
As contas foram tão favoráveis que a esposa Monique Lamounier gostou tanto da experiência de dirigir um elétrico que a família também adquiriu, ainda no mesmo ano, outro idêntico. O casal possui uma pequena usina de geração de energia fotovoltaica em casa — o que significa, na prática, que carregar a bateria também não tem custo no orçamento com energia. “Quem abastece é o sol e na minha própria casa”, explica o proprietário. Depois de rodar 120 quilômetros por dia, o veículo é recarregado durante a noite para ter a autonomia suficiente para outro dia de rotina
.
Desde o início da aquisição, Paulo observou que o torque do carro elétrico é bem mais alto que o dos modelos a combustão. “Por exemplo, diante de um sinal aberto a entrega do elétrico é imediata. Essa aceleração rápida ajuda bastante quando é preciso ter agilidade.” A frenagem também difere, pois basta tirar o pé do acelerador e, desse modo, exigir muito menos dos freios. “Ao avistar um quebra-molas, simplesmente desacelero e, quando chego nele, o carro já estará na velocidade correta”, conta. Com esse novo jeito de dirigir, além de energia, Paulo ainda reduz gastos com as pastilhas de freio e de outros itens.
A aparente simplicidade das peças é outro benefício apontado pelo proprietário. “Um elétrico conta com menor quantidade. Ao que tudo indica, no futuro, deve ser muito mais barato para ser montado, junto com a queda do preço da bateria. Isso vai implicar diretamente nas despesas diretas com o carro em relação aos os veículos convencionais”, aposta.
Como o carro elétrico também não faz barulho — o que desperta curiosidade de muita gente querendo saber mais sobre o funcionamento —, Paulo recomenda atenção redobrada com os pedestres, sobretudo em estacionamentos de shoppings. “Eles não percebem que o carro está perto, então cabe ao motorista zelar ainda mais pela segurança em determinados espaços.”
No caso desse importado, a principal dificuldade está na reposição de peças, que acaba se tornando bem demorada. Certa vez, Paulo esperou dois meses por uma tampa depois que bateram em sua traseira e há 40 dias o veículo está parado na oficina à espera de um chicote vindo da Alemanha. “Essa é a parte chata porque esse modelo depende da importação, mas não dá para generalizar: o carro elétrico é uma tendência”, defende. “Esperamos que, em breve, tenhamos muito mais veículos em circulação, maior disponibilidade de peças e oficinas especializadas.”
Em outubro deste ano, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, anunciou o encaminhamento à Câmara Legislativa do DF (CLDF) de um projeto de lei para garantir isenção do IPVA aos carros elétricos por um prazo de cinco anos. A medida faz parte de um projeto maior, o VEM DF (Veículo para Eletromobilidade), que prevê o compartilhamento de elétricos para frotas públicas. “A isenção é, sem dúvida, uma das medidas para popularizar o modal, ao lado do incentivar a implantação de eletropostos”, observa.