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Linha com cerol: “brincadeira” proibida pode matar quem anda de moto

Por: Arthur Caldeira . 04/08/2023
Mobilidade para quê?

Linha com cerol: “brincadeira” proibida pode matar quem anda de moto

Apesar de proibidas, as linhas de pipa com material cortante continuam fazendo vítimas, algumas até fatais; veja como se proteger do perigo que assombra motociclistas e ciclistas

4 minutos, 26 segundos de leitura

04/08/2023

Por: Arthur Caldeira

linha de pipa na estrada
Em locais onde há comunidades às margens da rodovia, motociclistas devem redobrar a atenção com as pipas. Foto: Mario Villaescusa/Infomoto

O clima seco e os ventos fortes de agosto são ideais para “subir” uma pipa, como diz a criançada. A brincadeira, divertida e saudável, contudo, pode representar um risco à vida de quem anda de moto. Apesar de proibido, o uso de linha com cerol ou da linha chilena para empinar pipas ainda é comum e faz muitas vítimas, algumas fatais, entre os motociclistas.

Entretanto, basta uma busca na internet para descobrir que os acidentes com esse tipo de linha são frequentes. Na terça-feira (1º/08), um motociclista morreu ao ser atingido pela linha chilena na Linha Amarela, no Rio de Janeiro. Feita com uma mistura de óxido de alumínio e pó de quartzo, a linha chilena matou o jovem de 26 anos e ainda feriu a garupa.

Nem mesmo a antena corta-pipa, que ele tinha instalado na moto, o salvou. Prova de que leis que obriguem o uso da antena nas motos, como alguns parlamentares propõem, também não são a melhor forma de evitar fatalidades.

A única saída é a fiscalização intensa sobre a venda e o uso dessas linhas proibidas. Mas, infelizmente, ainda se encontram facilmente linhas com cerol ou chilena à venda na internet.

Acidentes com linhas de pipa aumentam

De acordo com a Lamsa, concessionária que administra a Linha Amarela, só neste ano, já foram registrados 116 acidentes com linhas de pipa na via expressa. A empresa faz constantes campanhas de orientação e distribui antenas corta-pipa para motociclistas no período de férias.

“É impressionante como ainda há pessoas que fazem uso do cerol e da linha chilena mesmo com índices alarmantes de acidentes e mortes em todo o País. Esse é um problema grave que precisa ser tratado com seriedade e, nesse sentido, a distribuição das antenas corta-pipa e dos folhetos informativos só contribuem para um trânsito mais seguro e servem de alerta para os riscos”, destaca José Viana, gerente de operação da Lamsa.

O mesmo acontece nas rodovias de São Paulo e de todo o País. No RodoAnel Oeste, administrado pela CCR, foram registrados 17 ocorrências envolvendo pipas em 2021.

CCR faz campanhas para instalação de antenas corta linhas de pipa. Foto: Divulgação

Em julho passado, a concessionária participou de campanhas de conscientização e também instalou antenas corta linha de pipas em motocicletas na cidade de Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo.

Segundo a CCR RodoAnel, os acidentes com pipas são comuns nas rodovias que possuem trechos próximos à comunidades lindeiras, onde os praticantes buscam locais descampados para empinar pipa.

“Férias escolares são sinônimo de lazer para as crianças e, com isso, algumas brincadeiras podem se tornar perigosas, como soltar pipa próximo de rodovias e trechos urbanos, por isso a importância de campanhas educativas sobre esse tema”, explica Fernando Fronza, Coordenador de Atendimento da CCR RodoAnel. Mas, mesmo com o fim das férias, o perigo continua.

Linhas cortantes são proibidas

Em vários Estados, as linhas cortantes são proibidas por lei. Em São Paulo a Lei nº 17.201, de 2019, proíbe o uso do cerol em linhas de pipas.

A lei inclui ainda qualquer outro material cortante aplicado à linha e abrange ao uso, a posse, a fabricação e a comercialização da mistura cortante.

Caso a lei seja descumprida, a pessoa responsabilizada está sujeita a multa de R$ 1.326,50. No caso de estabelecimentos que comercializem os produtos, a multa pode chegar a R$ 132 mil.

Como se proteger da linha com cerol

A maneira mais fácil é instalar uma antena corta-pipa, como fazem muitos profissionais. O artefato custa cerca de R$ 40. Instalado no guidão da moto, teoricamente, corta a linha antes que esta atinja o condutor da moto.

Embora não proteja totalmente, como mostra o triste caso do motociclista carioca, parece a única saída para se proteger das pipas. Mas, além de ser horrível esteticamente, não serve em todas as motos. No caso das esportivas, por exemplo, não há onde fixar a antena. Outra alternativa são os protetores de pescoço, que evitariam os casos fatais, mas não ferimentos no rosto, braços ou mãos.

Não uso antena em minha moto, mas tomo alguns cuidados. O primeiro deles é ficar atento a pessoas empinando pipas à margem da via. Se elas estão lá, há grandes chances de alguma linha com cerol cruzar a rodovia. Uma dica para se proteger delas é rodar atrás ou ao lado de veículos altos, como caminhões e ônibus, mantendo distância segura, é claro. Pelo menos, enquanto avistar pipas no céu.

Mas e quando não há outro veículo? Dia desses deparei-me com essa situação. A solução foi reduzir bastante a velocidade e ficar atento às linhas. Confesso que até pensei em parar a moto. Mas continuei bem devagar e levantei o braço na frente do rosto a fim de tentar evitar uma linha cortante na garganta.

Fica o alerta para os motociclistas sobre o risco e o pedido para que as autoridades aumentem a fiscalização. Também falta conscientização por parte de quem empina pipas para não usar linhas com cerol ou outro material cortante, pois elas podem matar.

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