Quando a mobilidade sustentável faz você ganhar mais tempo
Sílvia Barcik fala sobre a mobilidade sustentável e como ela está ligada com o ganho de tempo das pessoas e humanização das cidades.
2 minutos, 50 segundos de leitura
01/12/2020
O tempo. Recurso precioso e não renovável. Artigo de luxo dos dias atuais. Quando o assunto é mobilidade urbana, sempre falamos das externalidades dos veículos particulares, da economia de dinheiro, redução das emissões, melhoria do trânsito, mas pouco se explora o lado, eu diria, mais humano desta história, que é a economia do tempo das pessoas.
Desde 2014, Flávio Tavares, fundador do movimento Welcome Tomorrow, tem mobilizado empresas e pessoas em torno deste tema: o valor do tempo e a mobilidade.
As empresas precisam ser envolvidas, pois segundo um estudo realizado pela World Resources Institute (WRI), 50% dos deslocamentos são por motivo de trabalho.
A Great Place to Work (GPTW) aprofundou um estudo qualitativo junto a colaboradores de empresas que tiveram queda no nível de satisfação global, não explicada pelos atributos pesquisados. A conclusão foi que eles consideravam a empresa um excelente local para se trabalhar, porém, o tempo de deslocamento de casa ao trabalho impactava de forma negativa na satisfação global.
Portanto, empresas que implementam medidas como plano de mobilidade corporativa, flexibilização do horário de entrada e saída do trabalho e o home office, que já está bem estabelecido, são exemplos de soluções que contribuirão para que o colaborador ganhe mais tempo.
Cidades mais humanas
Congestionamento. Mais do que tempo perdido, esta imobilidade das grandes cidades representa bilhões de reais de perdas financeiras anualmente. Segundo o estudo da FIRJAM, esta perda é estimada em R$ 250 bilhões, o que representa 4% do PIB nacional. Em São Paulo e Rio de Janeiro este índice dobra e alcança 8%.
Preocupada com o tempo que as pessoas perdiam em função do congestionamento no horário de pico de uma região empresarial, Joinville, a maior cidade do Estado de Santa Catarina, em parceria com a Waze For Cities Data, identificou via os dados de circulação dos motoristas que com uma solução de baixo custo, alterando o fluxo de algumas ruas, podia obter um resultado significativo. E assim, o resultado foi uma economia de tempo de 9 minutos na ida e 9 minutos no retorno do trabalho. Em um ano, isso significa ganhar três dias e 7 horas de vida.
Parte da solução
A indústria da mobilidade tem contribuído nesta transformação desenvolvendo algumas para uma cidade mais humana e voltada para a qualidade de vida das pessoas. Confira algumas delas:
- Sistemas de compartilhamento de veículos reduzem congestionamentos uma vez que um carro compartilhado retira de oito a dez veículos particulares das ruas.
- Transporte sob demanda otimiza o fluxo dos micro-ônibus, tornando as viagens mais eficientes e rápidas.
- Plataformas de MaaS (Mobility as a Service) integram diferentes soluções de mobilidade, fazendo com que suas decisões e escolhas sejam mais ágeis.
- Viagens compartilhadas, tanto do ponto de vista de uso pessoal quanto profissional, são soluções que reduzem a quantidade de veículos nas ruas e, consequentemente, melhoram o trânsito.
Como já cantava Caetano Veloso na canção “Oração ao Tempo”: “Peço-te o prazer legítimo e o movimento preciso, tempo, tempo, tempo, tempo, vou te fazer um pedido”. O convite aqui é pensar na mobilidade de forma mais humana, desenvolvendo soluções que coloquem as pessoas no centro das decisões e que nos façam ganhar mais tempo.”
Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão
Quer uma navegação personalizada?
Cadastre-se aqui
0 Comentários