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Real sucesso do free flow depende de adesão a tags e acesso a dados do veículo

Por: Mário Curcio . 26/06/2023
Mobilidade para quê?

Real sucesso do free flow depende de adesão a tags e acesso a dados do veículo

Sistema de cobranças a partir das placas aumenta risco de inadimplência e pode elevar o valor das tarifas

4 minutos, 27 segundos de leitura

26/06/2023

Por: Mário Curcio

painel 3 PMU 2023_tecnologia para rodovias do futuro
Da esq. para a dir.: Gabriel Fajardo, Cléber Chinelato, Karina Fera, Alexandre Fontes e Paulo Eustáquio Torres de Carvalho Júnior falam sobre a modernização das rodovias. Foto: Divulgação PMU 2023

O uso massivo de tags e o acesso à base de dados dos veículos serão essenciais para garantir o sucesso de implantação do free flow (fluxo livre, sem praças de pedágio) em todas as rodovias do País. Esta foi a constatação dos palestrantes do painel “Qual é o papel das novas tecnologias nas rodovias?”, que ocorreu na quinta-feira, 22, no Parque da Mobilidade Urbana (PMU), realizado no Complexo do Pacaembu, na capital paulista.

“Quando o veículo não tem uma tag [como aquelas de cobrança automática nos pedágios], o grande desafio para as concessionárias está na possibilidade de acesso futuro aos dados do veículo, para envio da cobrança a partir da leitura da placa”, afirma Karina Fera, diretora jurídica da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR).

Saiba mais: O que é o Free Flow?

Ela recorda que as concessionárias ainda não podem enviar elas mesmas a cobrança ao endereço vinculado à placa por causa da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Num trecho da Rodovia Rio-Santos (BR 101) em que já foi implantado o free flow, em março deste ano, o proprietário do veículo sem tag tem prazo de 15 dias para pagar pelo deslocamento a partir dos canais da operadora.

Pode ser pelo site, aplicativo, chatbot ou pela rede credenciada, que está no site. O não pagamento nesse prazo é considerado evasão de pedágio, uma infração de trânsito que resulta em multa de R$ 195,23 e cinco pontos na carteira de habilitação. Esse trecho tem três pórticos instalados nos quilômetros 414 (em Itaguaí), 447 (Mangaratiba) e 538 (Paraty), todos no Estado do Rio de Janeiro, com placas que alertam para a cobrança eletrônica e o prazo para pagar.

A diretora jurídica da ABCR recorda que o free flow aumentou o risco de inadimplência: “Para mitigar a evasão de pedágio, seria importante que o poder concedente promovesse a distribuição de tags com desconto e também houvesse a possibilidade de pagamento antecipado.” Karina recorda que, quanto o maior o risco de inadimplência para as concessionárias, maior a precificação.

O superintendente de arrecadação da CCR, Cléber Chinelato, afirma que cresceu muito a utilização de tags naquele trecho da Rio-Santos desde a implantação do free flow: “Quando começou a cobrança, 38% dos carros utilizavam tags. Este número cresceu para 55%. E os números de pagamentos pendentes entre os carros sem tags estão caindo mês a mês.”

O executivo acredita que o incentivo ao uso das tarjetas eletrônicas a partir de políticas de desconto seria muito positivo. Na Rio-Santos é possível obter abatimentos de 5% a 70% na tarifa, segundo a CCR.

Leia também: Primeiro Free Flow começa a funcionar no Brasil  

Big data rodoviário

A tecnologia aplicável às rodovias permite melhora não apenas no fluxo de carros, mas também na segurança e possibilidade de aplicação de tarifas mais justas, como conta Paulo de Carvalho Júnior, diretor da Systra, empresa de consultoria e engenharia.

“A contagem de veículos com processos automatizados, sem interferência humana e com a ajuda da inteligência artificial, permite melhora significativa no planejamento  e operação das concessionárias, resultando em redução do tempo de viagem e também dos acidentes.”

Carvalho Júnior recorda que há uma grande diferença do que havia no passado, pela utilização de pranchetas e contagem manual dos veículos.“O big data atual nos permite transformar dados em informação consistente. Com essa grande massa de dados é possível tornar as licitações muito mais atraentes, pelo volume e confiabilidade dos dados.”

Embora a legislação em vigor permita que os carros circulem sem tags nos trechos com free flow, os palestrantes do painel ressaltam que a experiência mundial aponta este como o melhor caminho: “A tag é a garantia de interoperabilidade, quer dizer, a transição tranquila de uma rodovia para a outra. Sem ela, quando o usuário sair de uma estrada com free flow e entrar em outra com praças de pedágio, ele terá de enfrentar filas”, adverte o superintendente de operações da Veloe, Alexandre Fontes.

O executivo diz ainda que a utilização das tags para pagamento de pedágios pode ocorrer sem a cobrança de mensalidade e também permite outros benefícios ao cliente, como a oferta de descontos em postos de combustível e hospedagens.

Próximo passo

Para o futuro, o que se pode esperar das rodovias com maior presença de tecnologias é a redução nas interrupções do fluxo e o aumento da segurança: “Será possível garantir bem-estar aos usuários com bom sinal de internet e com a transição tranquila entre estradas de diferentes concessões”, prevê Karina Fera.

Chinelato, da CCR, recorda que os novos contratos de concessão preveem acesso ao sinal de internet ao longo das estradas. As discussões sobre o papel das novas tecnologias foram mediadas pelo secretário adjunto de Parcerias e Concessões do Rio Grande do Sul, Gabriel Fajardo.

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