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SUVs deverão aumentar domínio

Por: Hairton Ponciano Voz . 26/01/2022

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SUVs deverão aumentar domínio

Estudo da Bright Consulting também conclui que hatches e picapes compactas perderão mercado

3 minutos, 42 segundos de leitura

26/01/2022

chave de carro
“Quanto mais o estoque demorar para se recuperar, maior a procura e maior o preço”. Foto: Getty Images

Os SUVs deverão continuar a trajetória de crescimento no mercado ao longo deste ano. Estudo da Bright Consulting demonstrou que, dos 33,8% de participação, em 2021 (o que já faz do segmento o mais importante do País), os utilitários esportivos poderão alcançar 45,1%, em 2025, e 46,2%, em 2030. Isso significa que, em oito anos, um a cada dois veículos vendidos, no Brasil, será SUV. Na contramão, os segmentos que mais devem perder participação serão os hatches e as picapes compactas (confira a tabela abaixo).

Quanto ao mercado total (considerando carros de passeio e comerciais leves), Paulo Cardamone, CEO da Bright Consulting, prevê que o ano pode encerrar com, aproximadamente 2,3 milhões de unidades, cerca de 15% a mais do que em 2021. Ele ressalta que a limitação será de produção (devido à falta de componentes), e não por falta de compradores.

“O mercado estaria comprando 200 mil carros por mês fácil.” Isso significa que, apesar da crise, se houvesse oferta suficiente, 2022 poderia fechar com, pelo menos, 2,4 milhões de unidades, na opinião do executivo.

O consultor alerta para o fato de que a indústria ainda irá conviver com a crise de abastecimento de semicondutores durante todo o ano. Pelas suas estimativas, a normalização de fornecimento de chips deve ocorrer só no início de 2023.

Por causa da demanda maior que a oferta, Cardamone também acredita que a escalada de preços verificada ao longo de 2021 deverá continuar. “Quanto mais o estoque demorar para se recuperar, maior a procura e maior o preço”, resume.

De acordo com ele, os automóveis eletrificados (o que compreende híbridos e puramente elétricos) deverão saltar de cerca de 35 mil unidades, no ano passado, para algo entre 90 mil e 100 mil, neste ano, ou quase o triplo, em relação a 2021. “Isso ocorrerá em função do forte crescimento dos híbridos”, afirma.

A exemplo da Toyota, que produz o Corolla e o Corolla Cross com propulsão híbrida flex, outras marcas se preparam para adotar a tecnologia, caso de Volkswagen e Jeep, por exemplo.

As vendas dos automóveis 100% elétricos também deverão dar um salto significativo em relação às do ano passado. Contra as cerca de 2 mil unidades de 2021, o consultor estima que, neste ano, a categoria chegue a algo entre 5 mil e 6 mil veículos. No entanto, apesar da possibilidade da grande evolução, em relação a 2021, Cardamone ainda considera que se trata de um mercado “incipiente, que cresce devagar”. “O grande problema dos elétricos é que eles são absurdamente caros, no Brasil. Custam de três a cinco vezes mais do que o tíquete médio do mercado brasileiro, estimado em R$ 110 mil”, compara.

Por isso, ele julga que esse tipo de veículo “é nicho e vai continuar sendo nicho por um bom tempo”. “Mesmo com imposto de importação zero, o preço de um carro elétrico, no Brasil, é muito maior do que em outros mercados”, diz.

Segundo o CEO da Bright Consulting, para que o mercado de carro elétrico cresça, a infraestrutura precisa chegar primeiro, e, em sua opinião, no Brasil, isso vai demorar para acontecer.

Nova fase do Proconve

Cardamone chama atenção para um fato crítico, neste início de ano, relacionado à entrada em vigor da fase L7, do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). Pela norma, que passou a valer no dia 1º de janeiro, veículos produzidos em 2021 (portanto, antes da vigência dos novos limites) que estejam em estoque podem ser vendidos apenas até março deste ano. Depois disso, têm de ser destruídos.

Mas o consultor chama atenção para o fato de que muitas fabricantes têm automóveis incompletos nos pátios, esperando componentes. “Mesmo faltando coisas simples, como uma borracha, carros PL6 (fase vigente até dezembro de 2021) terão de ser escrapeados se não ficarem prontos nesse prazo, o que é um absurdo”, avalia o consultor, que estima a existência de mais de 50 mil automóveis nessas condições, de diversas marcas.

“Se o Proconve vem para melhorar o meio ambiente e pressionar com números fortes de redução de emissões de poluentes, escrapear carro é uma barbaridade. Esse é o grande problema que a indústria vive, hoje.”

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