“Como empresa de tecnologia, temos muito a contribuir para a segurança das viagens rodoviárias”, disse Marcelo Vasconcellos, cofundador da Buser, durante a live “Segurança no transporte rodoviário de passageiros”, transmitida no último dia 11 pelo Estadão, produzida pelo Estadão Blue Studio e patrocinada pela Buser, maior plataforma de intermediação de viagens rodoviárias do Brasil. José Aurélio Ramalho, presidente do Observatório de Segurança Viária, também trouxe informações relevantes sobre o tema.
Ramalho foi específico em apontar três fatores que evitariam boa parte dos acidentes: a preparação adequada dos profissionais, a manutenção cuidadosa dos equipamentos e as boas condições das rodovias. “Muitas vezes a gente ainda ouve pessoas descrevendo as ocorrências como se fossem fatalidades inevitáveis, mas não são. Quase todas resultam de negligência, imprudência ou imperícia, e frequentemente envolvem mais de um desses elementos combinados.”
Marcelo Vasconcellos descreveu as ações em favor da segurança dos passageiros que a Buser vem colocando em prática desde que iniciou suas atividades, há cinco anos. Como uma plataforma que conecta as pessoas que querem viajar com as empresas de fretamento de ônibus, a startup seleciona com cuidado os parceiros que credencia para a prestação do serviço. “Não somos uma plataforma aberta a todos os interessados. Ao contrário, investimos tempo e esforço na construção de relacionamentos de confiança. Visitamos cada empresa interessada, conhecemos os proprietários, avaliamos a qualidade da frota.”
Em busca da combinação entre qualidade dos serviços prestados e segurança para os usuários, a Buser vai além das exigências legais em vários aspectos. Todas as viagens com percurso superior a 437 km ou mais de sete horas de duração têm a presença de um segundo motorista. Enquanto as leis estaduais permitem a circulação de veículos com até 20 anos de fabricação, na Buser a média atual da frota é de sete anos.
Recursos tecnológicos também são grandes aliados na busca da Buser pelo máximo de segurança. Um exemplo é a telemetria, que registra a velocidade do ônibus, em tempo real, ao longo de todo o trajeto. “Se o veículo não respeita os limites, multamos a empresa parceira”, disse Vasconcellos. O recurso já está disponível em 443 ônibus, que equivalem a 72% da frota parceira fixa, e a ideia é continuar expandindo rumo à cobertura total.
Outra novidade introduzida pela Buser no Brasil é a câmera de fadiga, recurso que avalia automaticamente uma série de sinais que indicam cansaço do motorista – como bocejos ou variações no ritmo das piscadas –, além de indícios de desatenção, a exemplo de utilizar celular ao volante. Diante de qualquer alerta identificado pelo sistema, há intervenção imediata da central de monitoramento, internamente apelidada de “time de alertas”.
A câmera de fadiga já está presente em mais de um terço da frota fixa – ou seja, são mais de 200 ônibus com o mecanismo. Desde que esse recurso começou a ser instalado, as ocorrências de desatenção caíram 76%. “Importante lembrar que tanto a telemetria como a câmera de fadiga são instaladas pela Buser e não representam custos para a empresa de fretamento parceira”, ressalta Vasconcellos.
Ramalho, do Observatório de Segurança Viária, ressaltou a importância de estabelecer protocolos e indicadores de qualidade e performance para as empresas que atuam no transporte rodoviário, independentemente do modelo adotado. “É essencial criar um balizamento com base em critérios claros, para que as alternativas à disposição no mercado possam ser comparadas e o usuário tenha informações confiáveis para fazer escolhas.”
Outra medida em que o Brasil precisa avançar, ressaltou o especialista, é o uso inteligente de dados para a identificação dos trechos de maior risco nas rodovias e, com isso, a prevenção de acidentes. “Não apenas para evitar as ocorrências, mas também para que as eventuais ocorrências tenham consequências menos graves quando ocorrem.”