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A importância dos lagos da Amazônia contra o aquecimento global

Por: Estadão Conteúdo . 05/08/2022

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A importância dos lagos da Amazônia contra o aquecimento global

A proteção dos lagos da Floresta Amazônica é mais importante do que se imaginava na luta contra as mudanças climáticas

3 minutos, 13 segundos de leitura

05/08/2022

Por: Estadão Conteúdo

Equipe de pesquisadores coleta amostras de sedimento do fundo de lado da Amazônia. Foto: Acervo pessoal

Com reportagem de Roberta Jansen, O Estado de S. Paulo

Apesar de relativamente pequenos, os lagos estocam um volume desproporcionalmente alto de carbono. Ao fazer isso, impedem que grande quantidade de gás do efeito estufa vá para a atmosfera e agrave o aquecimento global. O estudo, assinado por pesquisadores brasileiros da Universidade Federal Fluminense (UFF), foi publicado na Nature Comunications em julho.

As plantas absorvem dióxido de carbono (CO2) e liberam oxigênio (O2). Quando morrem, o CO2 absorvido é degradado e retorna como gás à atmosfera. Impedir esse retorno é uma das estratégias para combater as mudanças climáticas, já que o CO2 é um dos principais gases que se acumulam na camada de ar. Esses gases impedem a liberação do calor da Terra e, dessa forma, criam o efeito estufa, fenômeno que provoca o aumento da temperatura média do planeta.

Os cientistas já sabiam que os lagos são importantes sumidouros de CO2, porque recebem grandes quantidades de material orgânico da vegetação em seu entorno. No novo estudo, os brasileiros conseguiram demonstrar que os lagos amazônicos, dada a riqueza da floresta ao seu redor, concentram um volume ainda maior em relação àqueles localizados em outros biomas. Pesquisas anteriores tinham subestimado a quantidade de CO2 estocada nos lagos amazônicos.

Para tentar determinar a importância da preservação desses lagos na prevenção ao aquecimento global, a equipe do professor Humberto Marotta, da UFF, fez diversas expedições às planícies de inundação de rios da Amazônia, abrangendo uma grande variedade de regiões da floresta. Os cientistas coletaram amostras de sedimento do fundo de 13 lagos. Também compararam os resultados com uma revisão global de dados de vários outros estudos semelhantes feitos em diferentes biomas.

As análises revelaram que os lagos da Amazônia apresentam algumas das taxas de acumulação de CO2 mais elevadas do planeta. Elas são de 113,5 gramas por metro quadrado ao ano, volume até dez vezes maior do que os de lagos localizados em outros biomas.

Desmatamento — O estudo demonstrou também que a taxa de acumulação do CO2 é 2,3 vezes maior nas áreas de mata preservada em relação a regiões desmatadas. Ou seja, embora os lagos sejam essenciais para a absorção de CO2, não basta preservar o ecossistema isoladamente. É preciso proteger também a floresta em seu entorno, fornecedora da matéria orgânica.

“O trabalho mostra que, se destruirmos as florestas do entorno, reduzimos a capacidade desses lagos de guardarem matéria orgânica, de serem os guardiões contra o aquecimento global” (Humberto Marotta, pesquisador da UFF e principal autor do estudo)

O grupo de Marotta tenta agora determinar o número de lagos na região amazônica e sua extensão. O objetivo é medir, de forma mais acurada, o impacto desses ecossistemas no combate às mudanças climáticas. Segundo o professor, as estimativas estão muito subestimadas. Muitos são encobertos pela vegetação, o que impede sua detecção.

Outra questão é determinar qual a capacidade dos rios de acumular sedimentos orgânicos e, consequentemente, CO2. Os especialistas sabem que o acúmulo costuma ser maior em águas mais tranquilas, como a dos lagos. Não há estimativas para os rios amazônicos. “Como os rios têm correnteza, eles não são propícios à acumulação de carbono”, afirma Marotta. “Mas como a Amazônia tem muitos rios, seria interessante saber se existem estoques significativos.”

A pesquisa é fruto da tese de doutorado de Leonardo Amora-Nogueira e foi apoiada pela Federação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Também contou com parcerias internacionais com a Universidade de Souther Cross, na Austrália; Instituto Birmingham de Pesquisas da Floresta, no Reino Unido; e Universidade de Lisboa, em Portugal.


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