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Em Fortaleza, surf é instrumento de transformação social

Por: Kdu dos Anjos, Lá da Favelinha . 03/05/2022

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Em Fortaleza, surf é instrumento de transformação social

O valor dos equipamentos é um dos impeditivos para que as crianças da periferia pratiquem o esporte

2 minutos, 12 segundos de leitura

03/05/2022

Por: Kdu dos Anjos, Lá da Favelinha

Na escolinha de surfe Família Sukita, 125 alunos aprendem as técnicas do esporte no mar. Foto: Paulo Sucesso/Divulgação

Antônio Flávio, o Flávio Sukita, é um homem de 47 anos, morador da comunidade do Titanzinho, em Fortaleza (CE). Ele pratica surf desde os 17 anos, foi competidor e hoje ensina o esporte para os jovens da sua comunidade.

O Titanzinho é uma comunidade à beira-mar, numa praia que é ponto de encontro de surfistas. Por ali, segundo os moradores, os problemas enfrentados vão das altas taxas de criminalidade à especulação imobiliária. Quem vive ali lida diariamente com grandes empresários que tentam desocupar a favela e abrir caminho para que a construção civil erga hotéis, por exemplo.

A maioria dos moradores vivem da pesca e das aulas de futebol e surf na praia. Sukita diz que é a fé no potencial de sua terra que o faz resistir. “Grandes nomes do surf mundial ainda surgirão no Titanzinho”, promete.

Sukita usou a favor a localização favorável, sua experiência e influência no surf e abriu uma escola em que atualmente 125 alunos aprendem as técnicas do esporte no mar. O projeto se chama Família Sukita.

O surfista conta que quando começou convertia tábuas de madeira em uma espécie de prancha que ele mesmo desenvolveu. A dificuldade de surfar sendo um rapaz da favela era grande. Aos 20 anos, participou pela primeira vez de um campeonato. Sem dinheiro ou apoio, muitas vezes preciso pausar a carreira para trabalhar com outras coisas. “Parei de surfar e voltei várias vezes, não era um esporte acessível, mesmo morando na praia”, diz.

Segundo ele, a inspiração para fundar uma escola veio dessas situações que enfrentou. Sua missão é fazer com que os jovens não passem pelas mesmas dificuldades que ele passou, como não ter uma prancha. “Acredito no esporte como fator transformador na vida das pessoas”, pontua. “Da tábua para a prancha, o projeto vem resgatando sonhos no Titanzinho.”

“Da tábua para a prancha, o projeto vem resgatando sonhos no Titanzinho” (Flávio Sukita, surfista e criador da escola Família Sukita, em Fortaleza)

O professor tem duas filhas, Larissa e Bianca, que também pegam onda e são campeãs em suas categorias. Larissa ocupa atualmente o 6° lugar do ranking da América do Sul. A escola de surf não é o que sustenta a família. Além do projeto social, Sukita dá aulas particulares — essa é sua fonte de sua renda. O movimento iniciado por ele, aliás, estimulou o surgimento de outras iniciativas de desenvolvimento social na periferia de Fortaleza — outras escolinhas de surf. Uma delas é O Surf Resgatando Sonhos, onde Sukita é instrutor.


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