Entender de finanças não é apenas ‘assunto para poucos’
Especialista alerta que é preciso investir cada vez mais na educação financeira para a classe C, a que mais sofre com a redução de renda, endividamento e desafios adicionais trazidos pela pandemia
Aprender a lidar com o dinheiro “deveria ser obrigatório para todas as pessoas”. Afinal, independentemente da classe social, gênero ou raça, para sobreviver é necessário gastar menos do que se ganha e ainda poupar para um fundo de emergência.
Mas essas duas regras nem sempre podem ser cumpridas: por situações extremas, como as desencadeadas pela crise da covid-19 — de acordo com a ONG internacional Oxfam, 99% da população mundial teve sua renda reduzida na pandemia — ou pela ideia de que os conhecimentos ligados ao mercado financeiro são para poucos.
“Essas crenças limitantes normalmente vêm da família, dos pais e avós, de toda uma geração que não teve acesso à educação financeira”, explica Adélia Glycerio, autora do livro recém-lançado Independência Financeira: 7 Princípios para Você Alcançar Seus Sonhos. A obra pode ser encontrada na Amazon e na Troia Editora. E de sonhos — e planos de ação para alcançá-los – a autora entende: ex-frentista e balconista, Adélia sonhava na juventude em cursar a faculdade de Direito. Batalhou, poupou muito e conseguiu. Ela começou do zero, como a maioria dos brasileiros, e formou-se em Direito do Trabalho.
Hoje, aos 55 anos, segue traçando mais e mais objetivos. “O livro também é resultado do sonho de compartilhar minha vivência e conhecimentos técnicos com outras pessoas, mostrando que é possível. Sou a prova de que qualquer um pode alcançar o que deseja, basta conjugar valores, regras e estratégias com visão de longo prazo”, afirma a autora.
“Não somos todos iguais” — Quando focamos principalmente na classe C, é fundamental levar em conta que os desafios para poder se organizar financeiramente são maiores do que para as classes A e B. De acordo com a pesquisa “Não somos todos iguais: A classe C no mundo pós-pandêmico”, da Consumoteca e encomendada pela 99Pay (carteira digital da 99, plataforma de tecnologia voltada à mobilidade e à conveniência), uma renda mais baixa, insuficiente para pagar as contas mensais, somada ainda a grandes dívidas que se arrastam desde os períodos mais críticos da pandemia, faz com que apenas 2% desse grupo consiga poupar pensando na aposentadoria.
O mesmo levantamento mostra que 60% da classe C retrocedeu sua renda nos últimos três anos e que mais da metade das famílias entrevistadas (55%) vive com uma média de até R$ 3 mil por mês, valor insuficiente para pagar as contas mensais e investir em uma reserva. As dívidas também atrapalham os planos de aposentadoria: 45% das pessoas da classe C têm o desafio de viver com o dinheiro contado, além de pagar parcelamentos de gastos anteriores.
Para Adélia, o cenário mais desafiador só reforça a necessidade da educação financeira para essa parcela da população. “Se o dinheiro é mais escasso, é ainda mais importante entender de finanças, fazer o controle dos gastos”, explica. “Quando sobrar algum valor, por que não investir no mercado financeiro? Ter esses conhecimentos vai ajudar na decisão, por exemplo, de que é fundamental ter uma renda extra, que faz sentido juntar o dinheiro primeiro e não fazer parcelamentos ou que vale a pena pegar um empréstimo para pagamento de uma dívida, dependendo das condições oferecidas”, afirma a especialista.
Para as mulheres, a autora faz um alerta: não delegar completamente para seus companheiros o controle das suas finanças. “Mesmo que o casal tenha uma conta conjunta, é importante que as decisões sejam tomadas por ambos e que haja entendimento e consentimento do que está sendo feito com o dinheiro. Ter conhecimento da situação é um passo importante para mudar a realidade e para conquistar a liberdade financeira”, aconselha.
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