MoviAfro fortalece cultura afro-brasileira em Feira de Santana
Organização aproxima a população da educação antirracista
Na Rua Platina, periferia de Feira de Santana, a 100 quilômetros de Salvador, são poucas as pessoas que não conhecem ou não foram atendidas por ações e projetos da Associação Cultural MoviAfro. A entidade foi criada em 20 de novembro de 2014 para promover igualdade e justiça social em uma região que quase não tem equipamentos de cultura, lazer e educação profissional. Por meio da cultura afro-brasileira e da educação antirracista, jovens e adultos têm acesso a conteúdos dificilmente encontram em outro lugar além da escola.
A MoviAfro representa cerca de 26 instituições culturais e religiosas da cidade, que buscam reconhecimento do poder público para a promoção de ações afirmativas em municípios mais pobres da Bahia. São aproximadamente 3 mil pessoas, entre colaboradores e integrantes.
”Trabalhamos a questão social em saúde, esporte, educação, segurança e transformação social, principalmente em lugares carentes, em comunidades quilombolas”, diz Val Conceição, produtor cultural, gestor e um dos idealizadores da iniciativa.
Entre os mais de 20 projetos gratuitos voltados à formação, o Enemgrecer oferece aulas gratuitas preparatórias para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Já o Circuito Moviafro de Preservação da Cultura de Matriz Africana trabalha com empreendedores negros locais.
Miss Afro Feira de Santana — Concurso popular na cidade, o Miss Afro é tradicional no município, mas o que muitas pessoas não sabem é do trabalho educacional desenvolvido. Durante quatro meses, meninas e mulheres passam por conversas, palestras, seminários, oficinas e cursos sobrer negritude e questões raciais.
Para Anne Santos, pedagoga e uma das organizadoras do evento, o objetivo dos concursos vai além da estética. A principal função é formar as candidatas para o entendimento de sua origem e ancestralidade. “O que importa pra gente é o conhecimento, infelizmente muitas pessoas nem sequer sabem de suas verdadeiras origens”, diz Anne.
Durante os 90 dias anteriores à final, a MoviAfro acompanha de perto a vida e a rotina das meninas. Se necessário, elas podem receber atendimento médico, odontológico, psicológico e estético, entre outros serviços prestados por profissionais, parceiros e voluntários.
A atual dona da coroa, Jora Verbena, conta que a experiência e o trabalho a ajudaram a ver outras possibilidades e conhecer ícones da cultura negra no país. “Foi muito conhecimento que adquirimos nos eventos. As avaliações, sempre baseadas em pessoas pretas ou assuntos relacionados à negritude, nos levaram a pesquisar e a querer aprender mais”, afirma Jora. “Foi graças ao concurso que conheci a história de Nzinga, Carolina Maria de Jesus e Elza Soares, entre outras, e através dessas histórias inspiradoras pude me fortalecer como negra.”
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