São Paulo sobre trilhos e ‘A Palavra que Resta’: #naperifaindica
Colaboradores e leitores do Expresso na Perifa contam o que têm visto, lido e escutado por aí, fazendo sugestões de rolês
‘TRILHOS’ EM SÃO PAULO
Durante seis anos, o fotógrafo Allan Cunha registrou o cotidiano dos trens em São Paulo. Ele explica que vê, na cidade em movimento, o “reflexo de um sistema esmagador” visível também nas expressões das pessoas que dependem do transporte público.
As fotografias de Allan Cunha podem ser vistas na exposição Trilhos, disponível no site do artista.
‘A PALAVRA QUE RESTA’, DE STÊNIO GARDEL
No Brasil, cerca de 11 milhões de pessoas são analfabetas, segundo informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). É nessa realidade que se insere o romance A Palavra que Resta, o primeiro de Stênio Gardel, publicado pela Companhia das Letras. Em entrevista ao Estadão na época do lançamento, o autor contou que, como funcionário do Tribunal Regional Eleitoral em Fortaleza, observou muitas pessoas que não sabiam assinar o próprio nome e carimbavam o dedo nos documentos.
O personagem principal do livro é Raimundo, que, aos 71 anos, decide aprender a ler e a escrever para saber o que está escrito em uma carta que recebeu de Cícero, com quem namorou na juventude. Na época, Cícero desapareceu quando o relacionamento dos dois foi descoberto. Sem pistas do paradeiro, Raimundo só tem a carta. Com história moldada em uma linguagem original e que preserva a oralidade, o livro tem personagens que encarnam dramas sociais, como a exclusão, o analfabetismo, a fome e o preconceito.
‘O SOL NA CABEÇA’, DE GEOVANI MARTINS
A coletânea O Sol na Cabeça (Companhia das Letras), reúne contos escritos por Geovani Martins, morador do Morro do Vidigal, no Rio de Janeiro. De dentro das favelas, o autor narra em suas histórias o dia a dia das comunidades. A atmosfera entre os becos, os amores, as amizades, as brincadeiras. As mazelas sociais, as ações da polícia, o terror das milícias, a violência. Tudo isso aparece em 13 contos escritos do que jeito que as pessoas falam, o que causa identificação e reconhecimento — uma linguagem que enriquece a literatura, encurta caminhos e aproxima as pessoas.
DJONGA, ‘O DONO DO LUGAR’
O rapper mineiro Djonga lançou ontem, 13 de outubro, o álbum O Dono do Lugar, já disponível nas plataformas digitais. São 12 faixas que falam principalmente da indústria musical — uma crítica ao funcionamento do mercado e como o trabalho dos artistas é pouco valorizado. Outro tema que aparece é o debate da masculinidade, sobretudo de homens negros.
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