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É na periferia que surgem ações de combate à fome

Por: Julia Santiago . 14/07/2021

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É na periferia que surgem ações de combate à fome

Movimentos sociais, coletivos e entidades cumprem papel emergencial, mas a sociedade como um todo precisa contribuir

4 minutos, 49 segundos de leitura

14/07/2021

Por: Julia Santiago

Cenas de campanhas do Movimento Comunitário Estrela Nova durante a pandemia, no Campo Limpo, em São Paulo. Foto: Reprodução/Site Estrela Nova

Milhões de brasileiros ficaram e ainda estão desempregados e sem alternativa de renda. É o caso, por exemplo, de trabalhadores informais que perderam a receita pela diminuição do fluxo de pessoas, especialmente nas periferias. Além disso, a crise agravada pela pandemia conteve o consumo – e as pessoas que têm menos são as que sofrem mais.

Há inúmeras iniciativas de apoio que surgem justamente das mobilizações populares de todo o Brasil, e é aqui na periferia que elas nascem para contornar problemas sérios como a falta de acesso a itens de higiene e alimentação. Essas ações também batalham pela diminuição de riscos de contágio de covid-19. Mas precisam ser fortalecidas e a sociedade como um todo tem de agir.

Reportagem do Estadão em março de 2021, em um dos piores momentos da pandemia no País, mostrava que as doações para campanhas organizadas despencaram. Em Paraisópolis, o número de marmitas distribuídas em movimento criado por lideranças da comunidade havia caído de 10 mil para menos de 800; na São Remo, ao lado da USP, e na Rocinha, no Rio, o auxílio desapareceu.

Em cenário tão crítico, é urgente apoiar as ações sociais. Nesse sentido, apoiar significa fortalecer o trabalho no campo da organização popular, do movimento negro e das favelas; significa alimentar de condições e esperança as iniciativas coletivas e comunitárias e as lideranças locais que defendem direitos sociais. Organismos e pessoas com disposição para nos ajudar a atravessar o momento difícil que vivemos no Brasil.

Insegurança Alimentar:

  • No fim de 2020, a insegurança alimentar atingia 55,2% dos domicílios no Brasil;
  • 117 milhões de pessoas viviam nessas condições;
  • Dessas, 20 milhões, ou 9% da população, passavam fome.

Fonte: Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional

Em Movimento

  • A rede de parceiros do Movimento Comunitário Estrela Nova, no Campo Limpo, zona sul de São Paulo, já distribuía alimentos antes da pandemia. Mais de 300 famílias são atendidas. Agora, a organização reforça o chamamento de moradores do território para a entrega de itens básicos também de higiene. “Tem uma parte do acesso à alimentação e a itens básicos de higiene, no geral, que é insuficiente”, diz Luana Schoenmaker, coordenadora executiva no Estrela Nova. “As ações que fazemos mostram que a preocupação com a população mais vulnerável deve ser da sociedade.”
  • Fundada em 2011 com propostas de inovação social, promoção de cultura popular e fortalecimento da distribuição de alimentos saudáveis, a Agência Solano Trindade, também no Campo Limpo, abraça a mesma luta. “Sabemos que não é de hoje que as pessoas da quebrada passam fome. Mas o número está crescendo rapidamente durante a pandemia e toda ajuda é bem-vinda”, afirma Thiago Vinícius, sócio-fundador da Agência. “Essa é a hora de fortalecer.”
  • A Coalizão Negra por Direitos lançou em março de 2021 a campanha Tem Gente com Fome, junto com Anistia Internacional, Oxfam Brasil, Redes da Maré, Associação Brasileira de Combate às Desigualdades, 342 Artes, Nossas – Rede de Ativismo, Instituto Ethos, Orgânico Solidário e Grupo Prerrogativas. O programa nacional de arrecadação de fundos para ações emergenciais de enfrentamento à fome, à miséria e à violência na pandemia de covid-19 é, mais precisamente, um trabalho de apoio a territórios onde há trabalho de base, onde há mobilização de luta por direitos humanos, onde há lideranças organizadas e articuladas em redes de lutas sociais em todo o país.
  • O Coletivo Autônomo Morro da Cruz, de Porto Alegre, busca doações para dar continuidade aos projetos de empoderamento realizados também durante a pandemia. Responsável por oferecer um trabalho multidisciplinar às famílias, desenvolvendo atividades para unir a comunidade, gerar e transferir conhecimento e investir em pessoas que vivem em vulnerabilidade social, a ONG atua há mais de 12 anos com foco na educação.

Outras (das inúmeras) iniciativas de ação social em atuação em várias regiões do Brasil

  • Periferia Viva:mapa de campanhas, demandas e iniciativas de periferias, vilas, aglomerados e favelas de Belo Horizonte
  • Mutirão Contra Fome:canal de engajamento nacional tem um mural de divulgação para que ações e campanhas de combate a fome sejam conhecidas, apoiadas e replicadas em outros locais
  • Mães da Favela Futebol Clube:campanha nacional da Central Única das Favelas já arrecadou e distribuiu alimentos para mais de 2,3 milhões de famílias em todo o Brasil
  • Chega de Fome:campanha emergencial de doações da Gastromotiva, que trabalha a alimentação como veículo de transformação social
  • UFRGS Contra a Fome: organizada pelo núcleo de estudos afro-brasileiros, indígenas e africanos, arrecada doações e distribui cestas básicas em quilombos, comunidades indígenas e periféricas
  • Cooperapas: cooperativa de produção de alimentos orgânicos em Parelheiros, na cidade de São Paulo

Manifestações populares que fizeram história

No final do século passado vários levantes de combate à fome ocorreram no Brasil, a exemplo do Movimento Custo de Vida (MCV) e Contra a Carestia e das Marchas da Panela Vazia. Em 27 de agosto de 1978, o MCV, em plena ditadura militar, levou mais de 20 mil pessoas a um ato público na Praça da Sé, em São Paulo, para protestar contra a política econômica defendida pelo governo.

O MCV, aliás, surgiu da união de mulheres das periferias da zona sul de São Paulo no Clube de Mães da Zona Sul, uma das maiores mobilizações contra a ditadura.


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