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Rede Maternar acolhe e apoia mães em Ananindeua, no Pará

Por: Carlos Gouvêa . 14/08/2021

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Rede Maternar acolhe e apoia mães em Ananindeua, no Pará

Fundado em 2017, projeto trata de questões fundamentais como amamentação, criação com apego e maternidade real

5 minutos, 1 segundo de leitura

14/08/2021

Por: Carlos Gouvêa

No Agosto Dourado, projetos de apoio à maternidade ajudam a fortalecer campanhas de aleitamento materno. Crédito: Alina Kotliar/Getty Images

Projeto Rede Maternar, em Ananindeua, região metropolitana do Pará, existe para ajudar na rotina e na organização da vida depois do nascimento dos filhos

Reportagem de Carlos Gouvêa, Periferia em Foco, em Belém

A estudante de Gestão Comercial Jennyfer Alcântara diz que ser mãe é uma tarefa árdua que exige muito das mulheres. “Infelizmente, no Brasil, se tornar mãe é assinar a carta de demissão”, afirma. Jennyfer vive no Curuçambá, periferia do município de Ananindeua, na região metropolitana de Belém. Ela tem três filhas — a mais nova está com 5 anos — e encontrou no projeto local Rede Maternar um apoio importante diante dos desafios da maternidade.

Moradora de Coqueiro, na divisa com Belém, Dienny Santos conta que, ao praticar o que conhece e aprende sobre a criação com apego no Rede Maternar, ela se tornou uma mãe melhor. A experiência potencializou a maternidade e a sensibilidade na relação com a filha. “Tento sempre entender em vez de só repreender”, diz Dienny.

Jennyfer e Dienny estão entre as mais de 200 participantes do projeto, que existe desde 2017 com o objetivo de ajudar na rotina e na organização da vida depois do nascimento dos filhos. Dienny, aliás, integra a administração do grupo.

Fundado e coordenado pela neuropsicopedagoga e educadora parental Dandara Brito, o Rede Maternar nasceu em um pequeno grupo de mães que se amparavam, na ausência de um espaço coletivo que tratasse da chamada “maternidade real” — ou seja, da dificuldade do dia a dia, da negação do emprego, da sobrecarga e das cobranças impostas pela romantização da maternidade. Sem falar consciência do que significa ser responsável pela vida de outra pessoa.

A dinâmica do grupo é de apoio e empoderamento a mulheres grávidas e mães de primeira infância. Para informar e fomentar a troca de experiência, o conhecimento e as melhores práticas da criação, os temas de cada uma das atividades, mensais, são preestabelecidos e equilibram formação e interação entre as mães e seus filhos. O ciclo do atendimento é concluído quando o bebê completa 2 anos — 180 mulheres e crianças já foram atendidas de ponta a ponta. Atualmente, o projeto contempla 243 mães e 248 filhos.

Agosto Dourado
Você sabia? Com a ideia de reforçar a importância do aleitamento materno, desde 2017 é atribuído ao mês de agosto, na saúde, o tom dourado. Naquele ano, para marcar a 25ª Semana Mundial do Aleitamento Materno, foi aprovada a Lei 13.435 que instituiu o Mês do Aleitamento Materno. O objetivo é chamar a atenção para o tema, estimulando diversas atividades e campanhas de informação e acolhimento sobre amamentação. A cor dourada faz referência ao ouro, já que a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu o leite materno como um “alimento de ouro” para os bebês.

Campanha de amamentação

O projeto Rede Maternar foi um dos primeiros núcleos organizados a falar sobre a campanha de amamentação na cidade de Ananindeua, além de iluminar outros temas importantes, a exemplo de criação com apego e disciplina positiva.

Uma das mais relevantes ações promovidas pelo grupo é o Mamaço, um evento público anual em que as mães amamentam e compartilham experiências. A atividade reforça as recomendações da OMS sobre os benefícios da amamentação para prevenir infecções e promover saúde e desenvolvimento. “O Mamaço é pautado a partir dos índices de mortalidade infantil. O número de crianças que desmamam precocemente é altíssimo”, diz Dandara.

Outro benefício desse tipo de ação é melhorar e fortalecer o debate sobre tabus e desinformações. Jennyfer Alcântara, uma das mães atendidas pelo Rede e que aparece no início deste texto, volta agora para comentar justamente a importância de combater preconceitos, “a exemplo da introdução de alimentos ‘engrossantes’, como o mingau, por acreditar que o leite materno não é suficiente, é fraco, é pouco, não alimenta”, diz.

Contra a romantização da maternidade

Outro tema recorrente no projeto é a crítica ao estereótipo, à idealização e à romantização da maternidade, abordagens comuns quando o assunto é tratado somente pelo lado positivo e sem contemplar todas as dores, emocionais e físicas, vividas pelas mães na realidade dos dias.

Para Cássia Grandidier, executiva de vendas e beneficiária do projeto, o Rede Maternar ajuda a entender o processo da maternidade e a lidar com os medos e as inseguranças. Cássia destaca, ainda, o fato de muitas das profissionais que trabalham nos atendimentos, como orientadoras de amamentação e psicólogas, também têm filhos. “Toda mãe, não só a de primeira viagem, precisa de apoio”, afirma.


Recomendações de alimentação infantil

  • Iniciar a amamentação em até uma hora após o nascimento.
  • Amamentação exclusiva até os 6 meses de idade.
  • Até os 2 anos de idade, ou mais, é recomendado continuar a amamentação, em conjunto com  os alimentos complementares adequados.
  • Aconselhamento sobre aleitamento materno, apoio psicossocial básico e apoio prático a respeito de alimentação complementar devem ser fornecidos a todas as mulheres grávidas e mães com bebês e crianças pequenas.
  • Atenção: durante a pandemia, as diretrizes devem prevalecer. “Os benefícios da amamentação e da interação mãe-bebê para prevenir infecções e promover saúde e desenvolvimento são especialmente importantes quando os serviços de saúde e outros serviços comunitários são interrompidos ou limitados”, diz a Opas/OMS. “Mães e bebês devem receber apoio para permanecer juntos e praticar o contato pele a pele e/ou cuidado canguru, independentemente de infecção pelo vírus da Covid-19.”

Fontes: Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e Organização Mundial da Saúde (OMS)

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