Stock Car mistura tango, caipirinha e gasolina

Ricardo Zonta (carro 10) venceu a Corrida 1, no Velocitta. Foto: Luca Bassan

18/05/2022 - Tempo de leitura: 3 minutos, 56 segundos

Às vezes, pode parecer repetitivo, mas nunca é demais ressaltar o altíssimo nível da Stock Car Pro Series, de forma geral, e, particularmente, de seus pilotos. Nomes que já passaram pela Fórmula 1, como Ricardo Zonta, Rubens Barrichello, Nelson Piquet Jr., Felipe Massa ou Tony Kanaan – que disputa a categoria, paralelamente, à Fórmula Indy –, elevam o nível do sarrafo, em alusão ao ápice da modalidade salto em altura, do atletismo. Servem também de referência aos pilotos jovens que povoam o grid da mais longeva categoria do Brasil, que encaram, não apenas essas feras com experiência internacional, mas também especialistas com grande vivência em carros de turismo, como Cacá Bueno, Daniel Serra, Allam Khodair, Cesar Ramos, Ricardo Maurício, Júlio Campos e Thiago Camilo, entre tantos outros.

O último final de semana não fugiu desse roteiro. Pode-se dizer que a presença internacional foi ainda maior e inesperada no autódromo Velocitta, que contou com uma visita, para lá de ilustre, de Bernie Ecclestone, ex-chefão da Fórmula 1, que acompanhou as duas grandes corridas. Na primeira delas, Ricardo Zonta fez valer a pole position e rumou para o topo do pódio, com o Toyota Corolla da Shell Motorsport, voltando a triunfar no Velocitta, após quase um ano.

Já na disputa complementar, Matías Rossi escreveu seu nome na história dos vencedores da Stock Car, depois de ter suportado a forte pressão do tricampeão Ricardo Maurício e cruzar a linha de chegada com o Corolla da A.Mattheis-Vogel.

Rubens Barrichello também brilhou muito. O campeão de 2014 conquistou dois pódios: segundo lugar nas duas provas, resultado que lhe valeu o prêmio Claro 5G Man of the Race, como o maior pontuador da etapa.

Zonta, 46 anos, usou toda sua experiência para vencer a Corrida 1 de ponta a ponta. Mas, atrás dele, muita coisa aconteceu, como o incidente que tirou de combate César Ramos, um dos nomes do fim de semana até então, e a intensa luta entre Guilherme Salas e Rubens Barrichello. E, por falar em Barrichello e experiência, a ultrapassagem que o piloto realizou sobre Felipe Lapenna, para conquistar a segunda posição, foi de almanaque.

Com o Chevrolet Cruze da Equipe Hot Car, Lapenna conquistou ótimo resultado e finalizou em terceiro. Outro destaque foi a recuperação de Daniel Serra, que largou em 13º e terminou em sexto lugar, sorte bem diferente de seu companheiro de equipe, Ricardo Maurício, terceiro na prova 2, mas desclassificado pelos comissários desportivos, por uso incorreto de pneus.

“Foi ótimo! Eu gosto muito daqui. Achamos uma linha de trabalho em que o carro esteve fantástico, tanto na classificação como na Corrida 1, muito rápido”, sublinhou Zonta, que lamentou o incidente com Gabriel Casagrande, na segunda prova, que o tirou da disputa.

Vitória inédita na corrida 2

Décimo colocado na Corrida 1, Bruno Baptista largou na frente da segunda prova, lado a lado na primeira fila com Matías Rossi. O piloto da RCM, que estreou pintura laranja no carro e comemorou dez anos de carreira, neste fim de semana, liderou a primeira parte da corrida e despontou como favorito à vitória. Mas tudo mudou depois da janela com os pit stops obrigatórios.

Com grande trabalho da A.Mattheis-Vogel, “El Mísil”, como é apelidado na Argentina, assumiu a ponta da Corrida 2. As últimas voltas foram eletrizantes, sobretudo por causa da forte pressão de Ricardo Maurício em cima de Rossi. Mas o argentino, 38 anos, resistiu e venceu pela primeira vez na Stock Car. Um triunfo que veio na raça e sem uso do botão de ultrapassagem, sistema prejudicado por um princípio de incêndio antes de alinhar no grid. Com a desclassificação de Maurício, o pódio da Corrida 2 foi completado por Rubens Barrichello e Bruno Baptista.

Liderança muda de mãos, de novo

O argentino Matías Rossi fez história na Stock Car. Foto: Marcelo Machado de Melo

Atual campeão, Gabriel Casagrande marcou um quarto lugar na Corrida 1 e foi o décimo na segunda prova da etapa. O companheiro de equipe de Matías Rossi voltou à liderança do campeonato, com 128 pontos. Daniel Serra, que chegou ao Velocitta, com seu traçado desafiador e a famosa curva “Caipirinha”, como líder do campeonato, com um ponto de vantagem sobre Casagrande, agora está dois pontos atrás do campeão, com 126.

Barrichello aparece em terceiro na tabela, com 102 pontos, seguido por Bruno Baptista, com 83. Gaetano Di Mauro, Thiago Camilo, Ricardo Maurício, Ricardo Zonta, Cesar Ramos e Guilherme Salas, completam o top 10 do campeonato.