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A história do carro elétrico

Por: Mário Sérgio Venditti . 15/12/2020

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A história do carro elétrico

Um dos maiores protagonistas da mobilidade urbana nos dias de hoje nasceu em 1890, mas levou um bom tempo para amadurecer. Saiba mais sobre o carro elétrico

8 minutos, 7 segundos de leitura

15/12/2020

Por: Mário Sérgio Venditti

História do carro elétrico
Foto: Divulgação Renault

Embora seja apontado como protagonista da nova era da mobilidade urbana, o carro elétrico não é invenção recente. Os antepassados de modelos como Renault Zoe, Nissan Leaf e Chevrolet Bolt remontam ao final do século 19, com experiências que, mais tarde, ajudariam na caminhada dos primeiros veículos com esse tipo de propulsão.

É difícil cravar quem foi o inventor ou o primeiro estudioso dos carros elétricos. Por volta de 1800, quando ainda nem existia o automóvel motorizado, inventores da Hungria, da Holanda e dos Estados Unidos imaginavam um veículo movido a bateria. Mas eles tinham um “concorrente”: na mesma época, o inventor inglês Robert Anderson desenvolveu um protótipo de carro elétrico.

O NIssan Leaf estreou em 2010 e se tornou
um dos automóveis elétricos mais vendidos do mundo. Foto: Divulgação Nissan.

Os experimentos não prosperaram. Até que, em 1890, o químico William Morrison, dedicado aos estudos de armazenamento de energia em baterias, desenvolveu, nos Estados Unidos, uma espécie de vagão eletrificado, com capacidade para seis pessoas e que chegava a 14 quilômetros por hora. 

O importante passo de Morrison impulsionou o interesse pelo assunto e, dez anos depois – quando o automóvel ainda era uma invenção recente –, os modelos elétricos atingiram seu apogeu em Nova Iorque, que desfilava uma frota de 60 táxis movidos a bateria.

Os carros com motor a gasolina apresentavam alguns problemas, como o grande esforço físico para dirigi-los e o barulho exagerado. Os elétricos, por sua vez, funcionavam em silêncio e não emitiam poluentes.

A repercussão despertou o interesse de grandes nomes ligados à indústria automotiva, em franco desenvolvimento no mundo. Ferdinand Porsche, por exemplo, planejou o modelo P1 e também o Semper Vivus, o primeiro híbrido do mundo

Ford T sufocou o carro elétrico

Em 1914, ao mesmo tempo que considerava produzir um carro elétrico, o fundador da Ford, Henry Ford, iniciava a fabricação em série do famoso Ford T. O modelo celebrizou-se como ícone da indústria automotiva, mas, a um só tempo, provocou um curto-circuito no carro elétrico. Custando apenas US$ 650, o Ford T atraiu o interesse dos consumidores, em contraste aos veículos com bateria, que saíam por US$ 1.750.

Além disso, com a descoberta de reservas de petróleo em larga escala nos Estados Unidos, o combustível ficou barato e facilmente disponível em locais em que a eletricidade não era abundante. Aos poucos, os veículos elétricos foram minguando e, na década de 1930, desapareceram das ruas. 

Mas a semente plantada por William Morrison teria seu tempo para frutificar. Nos anos de 1940, no período pós-guerra, a Tokio Eletric Cars (posteriormente, comprada pela Nissan) abraçou a causa dos veículos elétricos e apresentou o Tama, de quatro lugares e autonomia de 65 quilômetros. Os carros com propulsão elétrica timidamente voltavam à cena. 

Os elétricos ressurgem com energia total

Apesar da demora, veículos com propulsão eletrificada viram realidade com novas tecnologias e lançamentos 

O Nissan Tama recolocou o carro elétrico na pauta das fabricantes, mas ainda levaria muitos anos para virar realidade. O assunto ficou adormecido até que, com a crise do petróleo de 1973, as fabricantes começaram a vislumbrar novas fontes alternativas de combustível. 

Foto: divulgação Nissan

Durante mais de duas décadas, as empresas passaram a modificar alguns de seus automóveis para funcionar com eletricidade. A iniciativa ganhou um aliado, em 1990, com o acordo ambiental Veículos Emissão Zero da Califórnia (EUA). Com ele, as montadoras que produzissem e vendessem carros elétricos obtinham benefícios.

No mesmo período, a General Motors preferiu iniciar um projeto do zero e criou o EV1, com autonomia de 128 quilômetros. Mas os altos custos de produção o inviabilizaram.

Marcas aceleram o desenvolvimento

Apesar do acordo da Califórnia, os estudos sobre veículos eletrificados seguiram a passos curtos e só engrenaram de vez no fim do século 20, graças ao lançamento do Toyota Prius, em 1997. Em 2006, a divulgação de que a empresa recém-criada Tesla Motors iria produzir carros elétricos acendeu a luz amarela para as demais montadoras. 

A partir disso, o desenvolvimento de veículos eletrificados alastrou-se como um raio. As fabricantes não podiam perder tempo na corrida, que começava a ser dominada pela Tesla. Assim, em 2010, a Nissan apresentou o elétrico Leaf e a Chevrolet atacou com o híbrido Volt. Dois anos depois, a Renault mostrou o hatch Zoe. 

Se não bastasse o fator Tesla, as fabricantes espantaram-se com a maneira agressiva como a China entrou na onda do carro elétrico, em 2008, estimulada pelo forte incentivo do governo, que quer se tornar cada vez menos dependente do petróleo. No Brasil, o primeiro veículo elétrico a chegar foi o JAC iEV40, em 2019. 

Tesla Model S
O Tesla Model S é um sedã totalmente elétrico que ajudou
a colocar a montadora no cenário automotivo mundial. Foto: Divulgação Tesla

Os esportivos se rendem

Hoje, os motores elétricos ocupam os departamentos de engenharia de todas as montadoras. Quem imaginaria, tempos atrás, um superesportivo movido a bateria? Pois até os automóveis de alta performance se renderam à propulsão eletrificada. 

Ferdinand Porsche não avançou com o P1, mas valeu a longa espera. No ano passado, a Porsche lançou o Taycan, um bólido de até 761 cv de potência e que acelera de 0 a 100 km/h em 2,8 segundos. Já a Ford prepara a chegada do Mustang Mach-E GT, com autonomia de 378 quilômetros. Até a mítica Ferrari, veja só, já tem o híbrido SF90 Stradale. 

Porsche Taycan
O Porsche Taycan foi o primeiro modelo 100% elétrico da marca alemã. Foto: Divulgação Porsche

Enquanto planejam mais lançamentos, as montadoras deparam com um grande desafio que diz respeito à “alma” do carro elétrico: a bateria. Ainda hoje, a meta é reduzir custos de produção e, ao mesmo tempo, melhorar aspectos como desempenho, autonomia e durabilidade desse componente.

A disseminação dos carros elétricos é um caminho sem volta. Os governos de vários países já estabeleceram prazos para o fim dos carros a combustão e as montadoras se preparam para virar a chave. Um exemplo é a Volvo, que decidiu substituir toda a sua linha de carros movidos a combustível fóssil pelos eletrificados. Mais de um século depois, fez-se luz em um cenário até então dominado pelos derivados de petróleo. 

Tesla revoluciona o segmento de elétricos

A trajetória dos carros elétricos pode ser dividida em dois períodos: antes e depois da Tesla Motors. Foi a partir do surgimento da marca americana – cujo nome homenageia o cientista sérvio Nikola Tesla – que as montadoras perceberam a urgência de ingressar no desenvolvimento de veículos eletrificados. 

Fundada, em 2003, por Martin Eberhard e Marc Tarpenning, a Tesla enfrentou uma série de problemas, como o desinteresse do público pelos automóveis elétricos e a dificuldade na produção de baterias de longa duração.

A situação melhorou quando o investidor Elon Musk injetou US$ 7,5 milhões na empresa, em 2004. Oriundo do mercado da tecnologia, o visionário Musk não demorou a tomar a frente de decisões importantes, como o design do modelo Roadster, em 2008. O segundo modelo, o Model S, fez mais sucesso. Lançado em 2012, o sedã 100% elétrico alcançava 250 km/h. 

Os fundadores Eberhard e Tarpenning se retiram da companhia e, em 2013, faltou pouco para ela ser absorvida pela Google, por US$ 6 bilhões. Musk seguiu em frente e, em 2015, lançou o SUV esportivo Model X, com autonomia de 474 quilômetros. O Model 3, de 2017, elevou a Tesla a outro patamar. Tido como carro popular da marca, ele custava US$ 35 mil e formou uma fila de espera de 18 meses.

Outro passo importante de Musk foi a apresentação da picape Cybertruck, que começará a ser entregue em 2021. O design quadrado do modelo gerou críticas, mas, mesmo assim, as unidades disponíveis para pré-venda se esgotaram rapidamente. Agora, as concorrentes – apressadas em lançar seus modelos elétricos – aguardam a próxima cartada da Tesla. 

Linha do tempo do carro elétrico

Veja alguns passos importantes para a consolidação do automóvel com propulsão elétrica nos dias de hoje

1800 – Inventores húngaros, holandeses e norte-americanos fazem estudos preliminares de veículos movidos a bateria

1890 – O químico William Morrison desenvolve um vagão eletrificado nos Estados Unidos

1901 – Ferdinand Porsche apresenta o Semper Vivus, considerado o primeiro modelo híbrido do mundo

1947 – Lançamento do Tama, da empresa Tokio Electro Automobile Company, que mais tarde seria comprada pela Nissan

1967 – Ford faz experiências com o protótipo Comuta

1975 – A montadora brasileira Gurgel inicia a produção do Itaipu, pioneiro dos carros elétricos na América Latina

1996 – GM apresenta o protótipo EV1

1997 – Toyota Prius é o primeiro automóvel híbrido produzido em série

2003 – Fundação da Tesla Motors, empresa que revoluciona o conceito de veículo eletrificado

2010 – Lançamento do Nissan Leaf, um dos carros elétricos mais vendidos no mundo

2012 – Renault lança os elétricos Zoe e Twizy, hoje também disponíveis no mercado brasileiro

2017 – Capitais como Paris, Atenas, Madri e Cidade de México determinam que, a partir de 2025, só permitirão a circulação de carros eletrificados

2020 – Volvo anuncia que, já em 2021, só venderá modelos com propulsão eletrificada no Brasil

Evolução do carro elétrico

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1 Comentário


  • Pietro Francesco - 17/12/2020

    Pós crise do petróleo de 1.973 e antes da crise de 1979, Gurgel lançou o carro elétrico no mercado brasileiro. Assim, apesar de sequer citado na reportagem, exceto no ano que lançou o carro, Gurgel não teve nenhum apoio de FHC, quando mais precisava de apoio do BNDES, foi negado na instalação da fábrica no Ceará- tinha uma no Estado de SP. Porém, o mesmo FHC deu financiamentos e mais $ do BNDES para que estrangeiros comprassem empresas estatais

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