Indústria automotiva: a revolução do carro elétrico
Como o surgimento do veículo movido a bateria pode interferir na conjuntura do setor?
A indústria automotiva passa, de tempos em tempos, por verdadeiras revoluções. Na década de 1990, o setor de autopeças e as fabricantes tiveram de se adaptar à introdução da injeção eletrônica. O mesmo ocorreu com o motor flex nos anos 2000. Hoje, é a eletrificaçãoque impulsiona mudanças.
“As montadoras, mais uma vez, estão diante da lição de casa”, diz Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). “Ou seja, conhecer as exigências de uma nova era.”
Transformações na indústria automotiva
Um dos maiores desafios diz respeito à bateria, pois o armazenamento do componente deve ocorrer em ambiente isolado, com tanque de imersão para um eventual incêndio.
“As demais montagens são simples, já que esse tipo de automóvel possui um número de componentes bem menor do que o do carro a combustão”, diz o professor.
Aliás, é justamente esse aspecto que pesa sobre as empresas do setor de autopeças. Afinal, um carro elétrico tem cerca de 50 partes móveis, ante 350 do similar a combustão.
“Futuramente, não valerá a pena desenvolver uma peça que não será mais usada nos veículos elétricos. Isso exigirá investimentos e mudanças nas linhas de montagem”, afirma Delatore. “As fabricantes terão de repensar suas estratégias de produção.”
Mesmo assim, para fabricar e, posteriormente, realizar a manutenção do veículo elétrico, muitos profissionais já estão sendo submetidos a treinamentos específicos. Dessa forma, aprendem a fazer conexões e ligações necessárias.
Exigências de normas e demandas indiretas
A indústria também se vê diante de outros impactos trazidos pela eletrificação automotiva. No Brasil, esse mercado ainda é novo e não existe uma política pública totalmente clara sobre o assunto.
Recentemente, o governo federal determinou um aumento gradativo do imposto sobre importação de carros elétricos. Consequentemente, os valores tendem a aumentar.
Paralelamente, surge a necessidade de atender às demandas de um novo consumidor. “Para colocar essa tecnologia nas ruas, as montadoras se preocupam com o crescimento de infraestrutura de recarga, para não deixar o cliente na mão, com a bateria descarregada nas ruas e estradas”, diz Delatore.
Assim, o surgimento do carro elétrico trouxe, a reboque, uma série de investimentos em startups de soluções de energia. Isso ajuda a expandir a quantidade de estações de recarga no País.
Da mesma forma, montadoras como Volvo e BMW, além de companhias petrolíferas, estão formando parcerias com empresas de tecnologia para instalar eletropostos nas vias. “As empresas precisam investir em novas soluções e adaptar suas estratégias de produção para atender à demanda crescente por carros elétricos”, afirma o professor.
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