Ter carro de luxo sem perder dinheiro na venda
Com a modalidade, é possível contornar o problema de automóveis que possuem no custo/benefício um ponto fraco, como os elétricos
Carros muito exclusivos costumam andar de mãos dadas com o risco de perda de dinheiro no momento da revenda. Dependendo do modelo, o custo/benefício não favorece o comprador. Mas a assinatura contorna essa questão, pois permite que o cliente possa chamar de seu um modelo raro e de nicho, ainda que por tempo limitado. Atualmente, automóveis elétricos e blindados se encaixam nesse perfil.
Sem incentivos governamentais, os elétricos são caros e acessíveis a poucos. É o caso do estreante elétrico Fiat 500e. O subcompacto para quatro pessoas, que ainda está em pré-venda por R$ 239.990, é a mais nova opção na plataforma Flua!, que reúne modelos da Fiat e da Jeep. A mensalidade mais barata é de R$ 5.499, referente ao plano de 36 meses com franquia de 1 mil km. O elétrico está sendo oferecido também em planos de 12 e 24 meses, com franquias que vão de 1 mil a 3 mil km mensais. No menor prazo (um ano) com a maior franquia (3 mil km), a mensalidade sobe para R$ 8.699.
O 500e também já é oferecido no plano Livre, da Unidas. A empresa tem contratos de 12 a 48 meses. Em quatro anos, o preço é de R$ 4.549,90 nas primeiras quatro parcelas, valor que sobe para R$ 6.499,85 a partir do quinto mês.
O serviço de assinatura da Renault (Renault On Demand) atualmente não lista o elétrico Zoe entre as opções disponíveis, embora a empresa tenha declarado que pretende oferecê-lo. Apesar disso, é possível assinar o elétrico francês pela Zero Km Movida. A versão Intense (topo de linha) custa R$ 229.900, mas na Movida ele sai por R$ 3.710,70 no primeiro mês. A partir do segundo, a parcela vai para R$ 5.309,70, no plano de 36 meses. A Renault vendeu 51 unidades do modelo este ano.
A BMW ainda não oferece plano de assinatura, mas é possível contratar o elétrico i3 no plano Livre, da Unidas. No plano mais longo (quatro anos), o hatch alemão custa R$ 5.999,90 mensais. No acumulado entre janeiro e a primeira quinzena de outubro deste ano, a BMW vendeu 140 unidades do i3, que custa a partir de R$ 319.950.
Novas formas de posse
A opção de assinatura do 500e, ao mesmo tempo em que ele chega ao mercado, é um indicativo de que novos produtos, com novas tecnologias, combinam com formas igualmente inovadoras de posse. E, como se trata de um veículo que sairá emplacado, o cliente pode até mesmo escolher o final da placa, levando em consideração o dia em que o veículo terá de respeitar o rodízio em São Paulo, por exemplo. A escolha acrescenta R$ 11,90 por mês ao preço. Caso queira película escurecedora nos vidros, são R$ 8,90 por mês.
O subcompacto de linhas saudosistas da Fiat é um caso emblemático. No período em que o modelo de segunda geração esteve à venda no Brasil, entre 2009 e 2017 (com interrupções), foram comercializadas cerca de 40 mil unidades, o que resulta em uma média superior a 5 mil unidades por ano, levando em conta que a importação não foi contínua. É um volume considerável, já que, com quatro lugares e porta-malas pequeno, não era um carro de uso familiar. No início, ele vinha da Polônia. Posteriormente, passou a ser importado do México. A partir de agora, chegará da Itália.
A versão elétrica restringe ainda mais o público e, por isso, a expectativa da Fiat é vender apenas 120 unidades este ano. O novo modelo custa quase quatro vezes mais que as últimas unidades da versão antiga (que, na época, estavam sendo vendidas por pouco mais de R$ 60 mil, sem levar em conta a atualização monetária). Isso comprova que o pequeno carro se tornou um modelo de nicho muito específico, o que compromete sua aquisição, mas talvez não a assinatura.
A possibilidade de alugar, em vez de comprar, afasta também outro temor que ronda os elétricos: o custo de reposição da bateria caso haja algum problema após o término da garantia (normalmente de oito anos). Isso porque, ao final do contrato, basta devolver o veículo e contratar outro modelo 0 km.
Elétrico, luxuoso e blindado
Por meio de seu programa Luxury Signature, a Audi também oferece automóveis exclusivos. Dos cinco modelos de luxo que compõem a plataforma, dois são 100% elétricos. É o caso dos SUVs e-tron e e-tron Sportback. A estratégia da marca alemã é oferecer alguns dos modelos mais luxuosos e caros de sua gama. A seleção excluiu as opções mais baratas (caso de A3 e Q3) para justificar o nome “luxury”. O mais barato é o sedã A6, que tem mensalidade de R$ 10.790. O e-tron Sportback Performance salta para R$ 13.590. Todos os planos têm prazo de dois anos.
Os contratos da Audi contam com franquia de 2 mil km por mês e podem ser feitos de duas formas: com parcelas fixas durante toda a vigência do plano ou reajustáveis pelo IPCA na 13ª parcela.
Outro segmento de nicho de mercado, que pode tornar a assinatura mais interessante que a aquisição, é a dos automóveis blindados. O processo de blindagem é caro e não tem volta. A partir da instalação dos reforços balísticos, o veículo só se destina a clientes que também não abram mão da proteção. Isso é o suficiente para reduzir potenciais clientes do modelo no mercado de usados.
Ainda a favor da assinatura está o fato de que automóvel blindado exige cuidados adicionais com a manutenção. Afinal, no processo de transformação, ele recebe materiais de reforço que não foram previstos no projeto original, o que acrescenta peso à estrutura – ao longo do tempo, eles podem sobrecarregar sistemas como suspensão e freios. Em caso de algum problema, o cliente de um programa de assinatura pode pedir a substituição ou o reparo. Já o dono precisa arcar com o conserto.
No programa da Audi, a blindagem acrescentaria R$ 3.090 por mês ao A6 Prestige Plus. Assim, o sedã de luxo passaria a custar R$ 13.880 por 24 meses.
A plataforma Caoa Sempre informa que em breve irá oferecer essa opção, mas ainda não informou qual modelo receberá os reforços balísticos. Atualmente, o modelo mais luxuoso disponível para assinatura é o Hyundai Azera. Para o contrato de dois anos e franquia de 1 mil km, o sedã tem mensalidade de R$ 5.200,78.
Obs.: condições sujeitas a alteração, dependendo do estoque.
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