Carros elétricos: gerações Baby Boomers e Z são as que menos cogitam comprar veículo
Preocupação com a emergência climática não entra nas prioridades e realidade dessas gerações, opina Tatiana Rocha, diretora de marca da Localiza&Co, empresa que encomendou a pesquisa

O estudo “Mobilidade Através das Gerações”, realizado entre abril e junho de 2024, revelou que as gerações mais novas, Y (nascidos entre 1982-1997) e Z (1998-2009), são as mais interessadas em tirar Carteira de Habilitação (CNH). Além disso, o estudo destaca a diferença nos interesses em adquirir carros elétricos. Entre os entrevistados, as gerações Baby Boomers (1945-1960) e Z são as que menos cogitam comprar o veículo eletrificado.
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Ao mesmo tempo, a pesquisa demonstrou que as gerações mais novas demonstraram menor desinteresse em dirigir em comparação aos Baby Boomers (BB) e geração X (1961-1981). Realizado pela Localiza&Co, o levantamento ainda mostra quais idades mais usam a CNH e o meio de transporte preferido de cada uma delas.
Conforme a empresa, o estudo entrevistou 1,6 mil brasileiros com mais de 18 anos, de todas as regiões do País. Com uma margem de erro de 2,5% e um índice de confiança de 95%, a pesquisa afirma garantir a representatividade em termos de idade, gênero, região e classe social.
Uso da CNH por geração
De acordo com o levantamento, entre aqueles que já possuem a CNH, a geração X é a mais engajada no uso do documento. Enquanto 52% dos entrevistados da geração informaram que usam com bastante frequência, as gerações Y e Z tem situação inversa, 42% e 38%, respectivamente. Já 51% dos Baby Boomers (BB) declararam que possuem a licença e a utilizam cotidianamente.
Entretanto, mesmo tendo a maior parcela de motoristas, os BB e geração X também concentram a maior parcela entre aqueles que tem de CNH, mas não a utilizam, com 26% de cada.
Por outro lado, as gerações mais novas concentram a menor parcela entre aqueles que já tiraram a CNH, mas não costumam usar o documento. Desta forma, 21% da geração Y não dirigem no dia a dia, enquanto 18% da Z seguem por esse caminho. Para Tatiana Rocha, diretora de marca da Localiza&Co, esse resultado reforça quanto os mais novos gostam de aproveitar a carta para usar o carro.
Contudo, ela entende que a necessidade de mobilidade reduz com o avançar na idade. “Algumas necessidades de mobilidade deixam de acontecer na vida da gente, por exemplo, o deslocamento diário para o trabalho, ele deixa de existir”, ela explica.
Quem prioriza os carros elétricos?
Outro fator analisado pela pesquisa são os carros elétricos, quais gerações consideram comprar um desses modelos. De forma geral, todas as gerações têm mais interesse do que desinteresse, com 74% do total respondendo que sim, considera comprar um carro elétrico.
Entretanto, as gerações BB e Z tiveram a maior porcentagem de entrevistando afirmando não ter esse interesse. Portanto, 34% dos BB e 29% da “GenZ” afirmou não considerar comprar carros elétricos, acima da média geral, de 26%.
Para Tatiana, essa falta de “interesse” da geração mais nova não é desapreço pelas questões climáticas. “As gerações mais jovens, por mais que elas estejam atadas com questões climáticas, quando a gente tá falando do modelo de mobilidade, elas querem a mobilidade”, defende Tatiana.
Conforme a diretora, o movimento de trocar a matriz energética dos carros passará por alguns processos, como a transformação da indústria. “No Brasil, as montadoras têm todo um parque ainda muito preparado para motor a combustão”, ela explica. Por isso, ela entende que não é uma realidade para nenhuma geração de forma homogênea.
Somado a isso, ela ressalta o modelo de abastecimento. Tatiana explica que a população continua acostumada à ideia de ter uma rede de postos para fazer esse abastecimento. Entretanto, com os carros elétricos, isso aconteceria na casa de cada um.
“A maioria dos prédios mais antigos não tem tomada na garagem, e o modelo de tomadas não é preparado para abastecer com velocidade um carro, demora algumas horas”, ela opina. “Acho que o carro elétrico vai ser um modelo sustentável para o futuro, mas hoje, o que a gente pode fazer é usar um combustível menos poluente, como o etanol’, ela conclui.
Gerações que menos usam CNH
Além dos carros elétricos, a pesquisa também questionou aqueles que possuem CNH, mas não utilizam tanto quanto poderiam. Nesse sentido, o motivo mais apontado é exatamente a falta de um carro próprio, representando 29% do total. A parcela é ainda maior entre os mais jovens, com 41% dos entrevistados desse grupo indicando que não ter um carro próprio desmotiva os motoristas a assumirem o volante no cotidiano.
Em segundo e terceiro lugar, os participantes apontam não ver necessidade desse hábito (28%) e preferência por outros meios de transporte (19%). Medo ou receio de dirigir é apenas o quarto motivo apontado pelas gerações, com 15% do total de entrevistados. Neste caso, a geração mais afetada é a millennial (geração Y), representando 25% do grupo.
Já entre os não habilitados, a diferença de comportamento entre as gerações se torna mais acentuada. 15% dos Baby Boomers e 6% da geração X consultados afirmaram não ter o documento e não possuem qualquer interesse em passar pelo processo. Entre os mais velhos, inclusive, também está o menor número de interessados em adquirir a autorização: somente 8% pretendem encarar a jornada em algum momento.
A “GenZ”, por sua vez, é a mais engajada na intenção de obtenção da carteira: 41% dos não habilitados desse grupo planejam iniciar o processo. Somente 3% responderam não desejar a CNH. Entre a geração Y o movimento é similar, com 32% dos respondentes desejando tirar a carta versus 4% desinteressados em assumir um volante.
Quem não quer a CNH?
Quando questionados sobre as razões para não querer tirar a carteira de motorista, os grupos apontaram medo de dirigir como principal motivo: 42% do total. O receio em controlar um carro é mais forte na geração Y, com 54% dos sem interesse pelo documento admitindo ser essa a principal motivação. A geração X vem na sequência, com 48%.
Entre os Baby Boomers, o grupo mais desinteressado em obter a CNH, o principal motivo é preferência por outros meios de transporte (24%). O custo do processo não é um fator relevante para as gerações, com apenas 5% do total de entrevistados apontando esse motivo como a razão para não tirarem a carta.
“A pesquisa já tinha nos revelado como as gerações ainda enxergam muito valor no uso e posse de um carro. Agora, ela nos ilustra como cada grupo etário entende essa necessidade de buscarem ou não a documentação necessária para habilitação, nos auxiliando a entender como podemos atender a essas demandas tão diversas”, explica Tatiana.
Além disso, a diretora acrescenta que o processo para obtenção da CNH se tornou mais complexo e caro. Para ela, isso acaba virando uma carreira para muits pessoas. Por isso, ela entende que as pessoas continuam querendo a carteira na mesma medida, mas agora o processo é mais custoso.
“Talvez isso tenha contribuído mais para o número de CNH reduzirem do que o fato das pessoas não quererem”, opina Tatiana.
O que determina o modal das gerações?
Por fim, o estudo aponta que entre os fatores decisivos que influenciam na escolha do meio de transporte no dia a dia. Conveniência e economia de tempo são as prioridades de todos os grupos. 62% dos entrevistados declararam optar por aquele que gera economia de tempo, 44% pelo que ir direto, sem ter de trocar de meio de transporte. Já 33% responderam optar pelo trajeto mais rápido, 30% pelo que tem horário exato de partida e chegada e 26% por um preço acessível.
Considerando um recorte geracional, 48,1% da geração Baby Boomers acredita que a economia de tempo e chegar antes é um fator importante para a escolha do transporte. Já a Geração Z, 36,3%, prefere saber o horário exato de partidas e chegadas. Enquanto somente 19,1% opta pelo meio de transporte que possa pagar.
Foram entrevistadas pessoas que compõem as gerações Baby Boomers, Geração X, Geração Y e Geração Z e a emergente Geração Alfa (2010 – presente). O estudo aborda desde a escolha dos meios de transporte no dia a dia até as expectativas para o futuro da mobilidade urbana no Brasil. Desta forma, pesquisa destaca a importância economia de tempo e o papel da tecnologia.
Carros por assinatura são uma alternativa viável?
Um dos principais objetivos da pesquisa da Localiza&Co é medir como o mercado enxerga o serviço de carro por assinatura. Na prática, a empresa aluga carros por um tempo pré-determinado para uma pessoa física ou jurídica e oferece serviços de manutenção e costumização do veículo.
Ou seja, a pessoa pode escolher o carro de sua preferência e assinar um serviço para ter o veículo na garagem de casa. Ao fim do contrato, a Localiza&Co oferece a opção para essa pessoa concretizar a compra ou renovar a assinatura. Entretanto, um novo carro será entregue.
Embora a empresa invista nesse serviço, ele ainda tem pouca aderência. Conforme os resultados da pesquisa, 53% dos entrevistados afirmara que ter um carro por assinatura não é uma opção. Além disso, o levantamento questionou se as gerações considerariam contratar o serviço e de fato ser uma opção, ou se apenas consideram, mas não enxergam viabilidade.
A maioria das respostas foi negativa em relação a possbilidade de contratar um carro por assinatura. Entretanto, Tatiana afirma que a empresa vai seguir investindo no serviço. De acordo com a diretora, o resultado reflete uma falta de entendimento sobre os carros por assinaturas e não necessariamente uma negativa.
“A nossa experiência mostra que quando a gente explica a categoria, explica as vantagens do modelo de assinatura, existe um mercado bem significativo de pessoas que se interessam por esse modelo”, explica.
Para a companhia, quem faz a conta para ver o peso no orçamento, entende ser mais vantajoso não comprar um carro e se preocupar com impostos e desvalorização.
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