Celular ao volante é tão perigoso quanto dirigir bêbado? Multas do tipo disparam em 2024
Levantamento da Zapay também mostra aumento de multas em motoristas que dirigem sem cinto
As multas por uso de celular ao volante aumentaram 36% no Brasil, quando comparadas com o mesmo período de 2023. Isso é o que aponta um levantamento feito pela Zapay, empresa que oferece oferece consulta e o pagamento de débitos de veículos. A infração é gravíssima, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), e rende cobrança de R$ 293,47. Além disso, soma sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Ao mesmo tempo, a empresa também detectou crescimento de 33% nas infrações para motoristas que dirigem sem cinto de segurança. As multas por excesso de velocidade, por sua vez, aumentaram 32%. De acordo com a companhia, o estudo contou com “mostra de dados com mais de 1 milhão de autuações de sua base”.
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Celular ao volante, perigo constante
“O uso de celular ao volante entra em uma categoria que Organização Pan-Americana de Saúde chama de ‘direção distraída’, junto de comportamentos como beber, fumar ou conversar enquanto dirige”, explica Renan Soares Júnior, psicólogo do trânsito e diretor nacional de comunicação da Associação Brasileira de Psicologia do Tráfego (Abrapsit).
A divisão de atenção entre a estrada e o smartphone atrasa as reações de uma pessoa entre 3 e 5 segundo, tempo suficiente para que ocorra um acidente. A prática pode até mesmo causar um fenômeno chamado “cegueira de desatenção”, quando uma pessoa vê um obstáculo, mas não consegue reagir. Em outras palavras, usar o celular enquanto dirige deixa alguém em condições parecidas com consumo de álcool.
Usar o celular enquanto dirige faz com que um motorista tire uma das mãos do volante, olhe com menos atenção para a via e foque em outra atividade, o que significa um desvio de atenção em todas as esferas possíveis. “Essa divisão da atenção faz com que a pessoa tenha uma diminuição do seu campo visual. Ou seja, assim como no uso de álcool, em que há a visão de túnel, o motorista também tem prejuízo na visão periférica”, compara Júnior.
“Muitas pessoas acham que o uso do viva voz ou a conexão do aparelho com fones bluetooth é permitida, mas não há esse previsão na lei”, explica o psicólogo do trânsito. Segundo ele, mesmo que um condutor não esteja com as mãos fora do volante, conversar enquanto dirige ainda é uma distração cognitiva que pode causar acidentes.
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Uma epidemia de falta de foco
O uso de celular nas ruas não afeta apenas os motoristas. De acordo com Júnior, pesquisas recentes mostram que até mesmo pedestres estão mais distraídos pelos aparelhos. Sendo assim, caminhantes podem entrar na via sem perceber, demorar mais tempo ao cruzar uma rua e entrar em diversas outras ocasiões que os colocam em riscos.
“As pessoas acham que podem fazer duas tarefas ao mesmo tempo, principalmente após a pandemia”, reflete o psicólogo. De acordo com ele, muitos motoristas justificam suas ações dizendo que conversam com outros tripulantes no veículo enquanto conduzem. No entanto “o tipo de desatenção que alguém tem ao falar ao celular é diferente daquele que ocorre quando se fala com alguém do mesmo ambiente”, ele resume.
Por fim, quando questionado sobre modos de evitar a desatenção, o psicólogo dá dicas. “Quando dirigir, desligue o telefone, coloque no silencioso ou em algum lugar inacessível. É importante que evitemos o desvio de foco”. Ao mesmo tempo, ter a consciência de que o uso de fones ou a conexão do celular ao sistema multimídia do carro também não é permitido, pode ser a chave para evitar distrações.
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