Linha Santos-Cajati: CPTM estuda reativar antiga linha ferroviária para passageiros
Linha Santos-Cajati ligou a Baixada Santista ao Vale do Ribeira com transporte de passageiros até 1997
3 minutos, 23 segundos de leitura
28/04/2025

A Companhia Paulistana de Trens Metropolitanos (CPTM) anunciou que os estudos para reativação da ferrovia Santos-Cajati, antigo ramal que ligava o Porto de Santos ao Vale do Ribeira, no litoral sul de São Paulo, devem terminar até 2028. A linha de 198 quilômetros transportou pessoas até 1997 e cargas até 2002. Ela foi, então, desativada e completamente abandonada, tornando-se objeto de disputas jurídicas entre concessionárias e poder público.
Leia também: Trem SP-Santos: saiba por onde futuro ramal pode passar
Em nota, a estatal afirmou que a linha está em fase de projeto funcional. Assim, ainda estão sendo definidos o escopo, requisitos e objetivos da reativação do ramal. O que já se sabe, contudo, é que, ao menos inicialmente, pretende-se usar o antigo traçado da malha ferroviária nos trechos onde ela ainda existe.
O documento Estratégia de Longo Prazo da CPTM cita os planos de reativação da ferrovia. O projeto consta como uma das metas da empresa. Nesse sentido, há menção ao compromisso de entregar, ainda este ano, o mapeamento com imagens aéreas de todo o trecho.
Linha Santos-Cajati impactará desenvolvimento do Litoral Sul
Segundo o engenheiro Luís Kolle, atual presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (AEAMESP), a reativação do transporte de passageiros por trilhos no Litoral Sul tem grande potencial para o desenvolvimento da região. Não só para o turismo, como também para melhorar o acesso da população local a equipamentos públicos. Ele cita, por exemplo, hospitais e especialidades médicas, que são melhores na Baixada Santista do que em outras cidades da região.
Kolle explica há diversas opções de modal que a nova linha pode adotar, a depender de quantos passageiros por dia os estudos vão indicar como demanda. As duas opções mais viáveis, a princípio, são o veículo leve sobre trilhos (VLT) ou o trem suburbano, como os da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Se a demanda for baixa, a escolha deve recair sobre o primeiro por ter custos menores.
Mesmo usando o mesmo leito da antiga ferrovia, os trilhos terão que ser reconstruídos, na opinião de Kolle. Além da idade dos equipamentos, vários trechos foram completamente abandonados pelas concessionárias há 23 anos. “É um investimento alto, mas que deve se viabilizar com o tempo e oferecerá viagens com custos menores por passageiro”, afirma.

O que aconteceu com a antiga ferrovia?
A linha está completamente abandonada desde 2002. O Ministério Público Federal de São Paulo ajuizou, em 2014, uma ação civil pública contra a últimas concessionárias, a Ferroban S.A. e a América Latina Logística. Assim, a ação intimava as empresas a recuperarem toda a ferrovia, que, segundo o MPF, foi “sucateada de maneira escandalosa” a partir de 2006.
Segundo o documento assinado pelo procurador da República Thiago Lacerda Nobrepor, o patrimônio público foi “dilapidado, saqueado e sucateado”. Após 2002 teria havido desvio de vagões e locomotivas para outros fluxos, mesmo existindo no trecho carga suficiente para sustentar sua utilização. Além disso, de 2006 em diante a concessionária teria retirado trechos de trilhos para utilização em outras ferrovias, assim como teria erradicado pátios e abandonado e destruído estações.
O processo segue na Justiça até hoje, envolvendo diversos municípios, agências reguladoras e as concessionárias. Em 2018, a empresa Rumo S.A., que havia assumido a concessão mesmo com o processo em curso, declarou que os estudos realizados demonstraram inviabilidade da reativação da linha. Com isso, o contrato de concessão foi quebrado. A responsabilidade sobre o futuro da ferrovia caiu, por fim, sobre o Governo Federal.
Leia também: Transporte de passageiros sobre trilhos economizou cerca R$ 12 bilhões no Brasil em 2024
Quer uma navegação personalizada?
Cadastre-se aqui
0 Comentários