Menos de 20% dos brasileiros vivem em ruas com acessibilidade; startup oferece solução
Monitoramento urbano com inteligência artificial entra no radar das prefeituras como alternativa para enfrentar o problema da falta de acessibilidade

Buracos, desníveis, calçadas estreitas e obstáculos pelo caminho. Para milhões de brasileiros, sair de casa a pé significa enfrentar um trajeto cheio de desafios. Conforme o IBGE, apenas 18% da população urbana vive em ruas consideradas acessíveis. Quando o recorte é a presença de rampas para cadeirantes, o número é ainda menor: só 15,2% dos brasileiros têm acesso a esse tipo de estrutura pensada pela acessibilidade.
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Na prática, isso significa que mais de 119 milhões de pessoas seguem excluídas do direito básico de circular com segurança e autonomia. O cenário impacta principalmente idosos, pessoas com deficiência e qualquer cidadão com mobilidade reduzida, mas também interfere na rotina de quem caminha até o transporte público ou precisa acessar serviços essenciais.
Tecnologia para mudar o cenário da acessibilidade
As dificuldades não são novas, mas a solução pode estar na tecnologia. Um dos gargalos da acessibilidade urbana no Brasil é a falta de dados atualizados sobre a real situação das calçadas e das vias públicas. Em muitas cidades, as prefeituras ainda dependem de denúncias de moradores ou de inspeções pontuais feitas manualmente, o que torna a correção lenta e ineficiente.
Soluções baseadas em inteligência artificial e visão computacional estão entrando no radar da gestão pública, permitindo um monitoramento contínuo das ruas. Portanto, a ideia é mapear automaticamente os problemas e criar estratégias mais rápidas e assertivas de intervenção.
Uma das iniciativas já em operação é da startup brasileira Mapzer, que desenvolveu uma tecnologia capaz de identificar 32 tipos de ocorrências urbanas por meio de veículos equipados com câmeras, sensores e IA. Conforme a empresa, a solução já percorreu mais de 200 municípios e impacta a vida de cerca de 5 milhões de pessoas no país.
32 mil pontos críticos mapeados
Em 2024, a Mapzer detectou 32.658 pontos críticos relacionados à acessibilidade em calçadas. Esses dados são organizados em dashboards georreferenciados e ajudam prefeituras a definir prioridades, embasar licitações e planejar obras de mobilidade urbana.
“A acessibilidade precisa deixar de ser tratada como adaptação e passar a ser entendida como infraestrutura básica”, afirma Pierre Damasio, gerente comercial da Mapzer.
De acordo com ele, a vantagem da tecnologia está na possibilidade de oferecer um diagnóstico completo da cidade, com 100% de cobertura do perímetro urbano. Isso permite que o poder público atue de forma preventiva, evitando o agravamento de problemas e reduzindo custos com obras emergenciais.
Inclusão, saúde pública e segurança viária
Além de melhorar a vida de quem mais precisa, garantir calçadas acessíveis é uma medida estratégica para tornar as cidades mais seguras e resilientes. O Brasil caminha para se tornar um país mais envelhecido. Ou seja, até 2030, a população terá mais idosos do que crianças. Somado a isso, os eventos climáticos extremos reforçam a necessidade de ruas preparadas para todos.
“Quando a calçada é inacessível, a cidade também é. E isso começa pelo básico: garantir que todos consigam andar na rua com segurança. Isso é possível com tecnologia e vontade política”, completa Damasio.
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