Novos desafios aquecem o debate sobre descarbonização do transporte no País
Incorporação da eletromobilidade e crescimento do uso do biodiesel estão no centro das discussões para um futuro mais sustentável no setor
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11/12/2024
A descarbonização do setor de transporte é um desafio global e esteve no centro das discussões do G20, durante a cúpula dos líderes realizada recentemente no Rio de Janeiro (RJ). Trata-se de uma questão urgente, considerando-se que o transporte rodoviário é uma das principais formas de movimentação de cargas no País.
Essa transição é essencial para reduzirmos a pegada de carbono, uma vez que o Brasil é o sexto maior emissor de poluentes do mundo: 2,3 bilhões de toneladas brutas de gases de efeito estufa em 2022, conforme dados do Observatório do Clima.
Como participantes deste ecossistema, temos avaliado profundamente este cenário e participado das discussões do setor para tornar as frotas mais sustentáveis, investindo em tecnologia e inovação para um futuro mais limpo no transporte.
A incorporação de caminhões elétricos pelas transportadoras é incipiente, mas trata-se de uma jornada promissora para a descarbonização. A eletromobilidade faz parte dos planos estratégicos de longo prazo das empresas de logística, que buscam não apenas a renovação contínua dos veículos, mas também a implementação de soluções inteligentes para aumentar a eficiência energética nas operações.
Nos primeiros nove meses deste ano, as vendas de caminhões elétricos no País aumentaram quase 60% em relação ao mesmo período do ano passado, com 369 emplacamentos, como registra a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Manter este movimento crescente em 2025 depende de vencermos a crise hídrica, que gera aumento das tarifas de energia elétrica, como alerta a entidade.
Paralelamente, a renovação da frota com veículos com tecnologia Euro 6, que são capazes de reduzir em até 95% a emissão de poluentes, além de diminuir significativamente o consumo de combustível, tem contribuído de forma relevante para avançarmos nesta empreitada.
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Velhos poluentes
Vale lembrar que a idade média dos caminhões no País é de 22,3 anos. Quanto mais velhos, mais poluentes. Já a idade média da frota concentrada nas mãos das empresas é de 10,8 anos, de acordo com os dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), com base nos números do Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC). No nosso caso, a modernização da frota fez a diferença: a idade média é de 4 anos – sendo 40% com tecnologia Euro 6 e 60% Euro 5.
Mas a descarbonização do setor vai muito além dos veículos. A busca pela atuação cada vez mais sustentável ambientalmente no segmento de logística inclui iniciativas que abrangem inventário da emissão de carbono, abastecimento da frota leve com etanol, o uso de tecnologias de roteirização inteligente para otimizar a quilometragem percorrida e reduzir o consumo de combustível, além de investimentos em treinamentos para motoristas sobre práticas de direção econômica e sustentável.
Usar empilhadeiras elétricas em substituição aos modelos a gás também faz parte desta empreitada em prol da preservação do ambiente, assim como a substituição da matriz energética por energia limpa, a adesão ao mercado livre de energia elétrica, entre outras ações.
A discussão sobre o uso do biocombustível também ganha cada vez mais relevância, especialmente quando se refere ao aumento do teor de biodiesel na composição do combustível nos veículos pesados. Estamos estudando detalhadamente os efeitos da elevação para 12% de biodiesel na mistura com o diesel, em relação à parcela anterior, que era de 10%. O tema aquece com a recente aprovação da “Lei do Combustível do Futuro”, que traz novas regras para produção e uso de biocombustíveis no Brasil.
Políticas públicas
Entretanto, a transição para um transporte rodoviário de cargas mais sustentável não depende apenas das ações corporativas individuais. É fundamental que existam políticas públicas que incentivem e apoiem a inovação tecnológica e a adoção de práticas sustentáveis no setor. O objetivo de um futuro mais verde somente será alcançado com a colaboração entre os setores público, privado e sociedade.
Todas as iniciativas devem andar lado a lado para criar um ambiente de negócios mais eficiente sob todos os pontos de vista, com menos custos e em harmonia com o meio ambiente. É uma estratégia que não apenas eleva a competitividade e a produtividade, mas também responde a uma demanda crescente da sociedade por práticas empresariais responsáveis, como parte de uma agenda ESG robusta e que, de fato, gere resultados positivos para o País.
Saiba mais sobre descarbonização nos transporte no canal Planeta Elétrico
Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão
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