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Trem fantasma em SP? Paranapiacaba é a vila assombrada que você precisa conhecer no Halloween

Por: Fellipe Gualberto . 31/10/2024
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Trem fantasma em SP? Paranapiacaba é a vila assombrada que você precisa conhecer no Halloween

Moradores da região falam sobre o folclore local, que mistura os trilhos da linha do trem e a neblina típica da Serra do Mar

5 minutos, 22 segundos de leitura

31/10/2024

Vila inglesa em São Paulo, Paranapiacaba tem em sua história muitos trens e alguns contos de terror. Foto: Adobe Stock

A Vila de Paranapiacaba, localizada a 30 km do centro de Santo André (SP), é um museu a céu aberto. As casas construídas por imigrantes ingleses que vieram trabalhar na estrada de ferro Santos–Jundiaí, na segunda metade do século 19, o Museu Funicular, os festivais gastronômicos e a Mata Atlântica preservada são alguns dos atrativos que chamam turistas para o local. Mas, além dessas atrações, a vila se destaca no Halloween.

Durante a construção da vila e da ferrovia, no século 19, muitos trabalhadores morreram. Somando as trágicas histórias com a constante neblina que paira sobre a região da Serra do Mar, é possível obter o cenário perfeito para histórias de terror, por exemplo, o trem fantasma, os espíritos dos operários e várias outras.

Nesse Halloween, confira alguns contos do folclore de Paranapiacaba e saiba como a vila une lendas de terror com a sua rica história, que se cruza com a construção das estradas de ferro no Brasil.

Leia também: Listamos 10 museus ferroviários que reúnem a história dos trens no Brasil

No Halloween, conheça um trem fantasma

“Na construção da ferrovia houve, de fato, acidentes que tiraram a vida dos operários na época. Isso acabou favorecendo o surgimento de lendas”, conta Gabriel Vianna, fundador da Arterra Turismo, uma empresa de São Paulo que organiza passeios para Paranapiacaba.

Vianna afirma que uma das lendas mais populares na vila é a do Trem Fantasma. “Existe um relógio na antiga estação de trem, uma réplica do Big Bang, de Londres. A lenda diz que, em uma tarde comum, o maquinista observou o relógio pelo espelho retrovisor do trem e confundiu o número 4 em algarismos romanos (IV) com o 6 (VI)”.

“Vendo o horário errado, o maquinista deu a partida. Ao fazer a descida da serra, em um dos túneis houve uma colisão frontal com um trem que estava subindo”, acrescenta o guia de turismo. Ele explica que alguns moradores da cidade afirmam que, em certos trechos, é possível ouvir o barulho de um trem se aproximando, mas o veículo nunca chega. Como se um trem fantasma percorresse eternamente os trilhos, tentando chegar ao seu destino.

O torre do relógio, citada na história, realmente existe. No entanto, o número 4 em algarismos romanos aparece como IIII, em vez do tradicional IV. De acordo com Vianna, os moradores contam que o “erro” foi proposital, com o número trocado após o acidente.

Réplica do Big Bang no interior paulista também chama turistas para a vila. Foto: Adobe Stock.

O papel do guia de turismo

Vianna acredita que os guias de turismo, ao reunirem essas histórias, têm papel de conservação da cultura local. “Essas lendas urbanas são patrimônio da vila e, independentemente de fatos verídicos, é importante colher essas informações dos moradores locais e perpetuar. Porque, quando contamos essas lendas, também falamos sobre o sistema funicular, das ferrovias e da história de Paranapiacaba”, explica.

Este ano, Vianna está organizando o “Halloween: Tour das Lendas” em Paranapiacaba. O passeio será realizado, propositalmente, no Dia de Finados (2 de novembro). Sendo assim, durante a viagem, os visitantes entrarão na Casa do Engenheiro Chefe da Ferrovia, no Museu da Família Ferroviária e conhecerão a lenda do trem fantasma com mais detalhes.

A história de Dona Francisquinha

Douglas Borges, um legítimo morador de Paranapiacaba e neto de ferroviários, é fundador da agência de turismo Ser da Mata. O guia conta, com orgulho, que recebeu o título de “contador de lendas oficial da vila” por Dona Francisquinha, sua professora que também se dedicava ao folclore da região.

De acordo com Borges, foi a própria Dona Francisquinha que criou e divulgou outra famosa história na região. “Ela contava que, toda última sexta-feira do mês, o trem chegava à vila repleto de espíritos dos barões e baronesas do café. Ela os recebia na passarela e acompanhava as almas até a casa do engenheiro chefe. Por fim, depois que os fantasmas entravam, ela ouvia música do lado de fora”, conta Borges, já que Dona Francisca morreu e o deixou encarregado de continuar a tradição.

Aproveitando o clima de Halloween, ele também afirma que, nesse túnel, onde os trens teriam se chocado, ao encostar o ouvido nas paredes seria possível ouvir as almas dos passageiros mortos se lamentando. No entanto, o acesso a esse túnel está fechado atualmente. Por isso, o guia não consegue organizar passeios ao local.

Turismo Ferroviário em Paranapiacaba fora do Halloween

O turismo ferroviário de Paranapiacaba não se encerra no Halloween. Sendo assim, os interessados em trens podem encontrar atrações na vila o ano todo. Se ficou curioso, confira algumas das principais atrações e saiba os preços dos passeios.

Casa do Engenheiro Chefe

Museu foi montado na antiga casa do engenheiro chefe da cidade. Localizada no alto de uma colina, o local permite visão completa da vila e do Pátio Ferroviário que fica na região.

Por fim, as visitas podem ocorrer aos finais de semana e feriados, sempre das 10h às 15h30. O preço do ingresso com direito a vista monitorada é de R$ 10.

Museu Funicular

Museu Funicular de Paranapiacaba fica na Serra do Mar e apresenta aos visitante como funcionava o sistema funicular, um complexo esquema de engenharia que puxava os vagões com cabos de aço pelos trechos mais acidentados da serra.

O local fica aberto durante os finais de semana e feriados das 10h00 às 16h00. Por fim, os ingressos custam R$ 10 a inteira e R$ 5 a meia entrada.

Expresso turístico

O Expresso turístico da CPTM sai aos domingos da Estação Luz às 08h30 e chega em Paranapiacaba às 10h30. Ao custo de R$ 50 por pessoa, o passeio permite que os turistas viagem abordo de um trem fabricado no Brasil na década de 50.

Além das paisagens naturais no caminho e da passagem por estações de trem tombadas como patrimônio histórico (Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), o turista pode conhecer a vila de Paranapiacaba e aproveitar a culinária e o ecoturismo local.

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