Transporte público rodoviário urbano: CNT e NTU revelam perfil das empresas do País
Estudo demonstrou que, em sua maioria, companhias são de origem familiar, estão há mais de 20 anos no mercado e possuem mais de 100 funcionários
O transporte rodoviário coletivo urbano é o principal responsável pelo deslocamento diário de passageiros no País. Os números do setor são grandiosos: 1.577 empresas de ônibus urbanos em operação no Brasil e, aproximadamente, 107 mil ônibus e cerca de 315 mil empregos diretos.
Leia também: NTU apresenta um raio-x do transporte público brasileiro em seminário nacional
Para entender a fundo tanto a natureza do serviço prestado, quando seu desafios – como a crise do transporte público, com perda de passageiros – a Confederação Nacional do Transporte acaba de lançar, em evento em Brasília (DF), a Pesquisa CNT Perfil Empresarial 2023 – Transporte Rodoviário Urbano de Passageiros.
Inédito, o estudo contou com o apoio da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) e traz características das empresas em aspectos como frota, operação, mão de obra e investimentos.
São destacadas, também, questões relacionadas às gestões ambientais, de riscos e formas de pagamento, bem como os impasses relacionados à política tarifária vigente. A visão das empresas e os principais desafios do setor fecham o escopo da sondagem.
Sondagem
As informações foram fornecidas por empresários do segmento no primeiro semestre deste ano, com a realidade do transporte rodoviário urbano de passageiros de todas as regiões do Brasil. Os resultados revelam que as empresas de grande porte, ou seja, com mais de 100 funcionários, são maioria no segmento, e representam 82,2% do total.
Também predominam as companhias que têm mais de 20 anos de atuação no mercado, com 84,5% do total. A origem familiar do negócio é a motivação para operar no ramo para pouco mais da metade das empresas (59,8%).
Cerca de 2/3 da amostra (69%) atua exclusivamente no segmento rodoviário urbano de passageiros. Outros 19% dos entrevistados pela CNT atuam em outra modalidade e passaram, posteriormente, a trabalhar com o transporte rodoviário urbano de passageiros.
Entre os desafios apontados, a questão do custeio da atividade ganha destaque: 36,2% das empresas têm a tarifa paga pelo usuário como a principal remuneração, e 51,1% carecem de qualquer subsídio público.
Chama atenção também a questão da violência, que tem afetado a maioria das operadoras do setor: 59,2% foram vítimas de assalto e 40,2% sofreram ato de depredação no último ano, sendo que uma em cada cinco (20,1%) tiveram veículos incendiados no período.
Os dados contribuem para dar visibilidade à importância do transporte rodoviário urbano de passageiros. Servem também para auxiliar os transportadores nas tomadas de decisão e nos seus planejamentos de longo prazo, bem como a definição de suas estratégias comerciais.
Para governos locais, a pesquisa ajuda a definir a priorização de investimentos no setor e, consequentemente, a alocação de esforços. Os dados apresentados também podem apoiar na elaboração de planos e políticas de mobilidade urbana que atendam as reais necessidades da sociedade e do setor, impactando-os de forma assertiva.
Confira, a a seguir, alguns destaques da pesquisa, divididos em vários campos:
Tarifa
- 36,2% têm a tarifa paga pelo passageiro como a única forma de remuneração definida em contrato
- 51,1% não recebem qualquer subsídio do governo
- 56,9% consideram a dificuldade em reajustar o valor das tarifas como principal problema
- 18,5% dos passageiros recebem algum tipo de benefício tarifário
Pagamento
- 91,4% utilizam o sistema de bilhetagem eletrônica
- 75,8% implementaram pagamento com cartão de transporte como forma de substituição ao cobrador
- 90,2% têm pelo menos uma linha da frota operando sem a função de cobrador
Violência
- 59,2% foram vítimas de assalto no último ano
- 40,2% sofreram ato de depredação no último ano
- 20,1% tiveram veículos incendiados no último ano
Custos
- 74,1% consideram preço do diesel a principal dificuldade enfrentada
- 72,4% indicaram a manutenção do veículo como o fator que mais sobrecarrega os custos das empresas
Sustentabilidade
- 74,7% monitoram o uso de combustível
- 74,1% acompanham a geração de resíduos
Leia também: Pacheco afirma que não há possibilidade de revogação das gratuidades do transporte público
Quer uma navegação personalizada?
Cadastre-se aqui
0 Comentários