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Crianças pobres são o principal grupo de risco na paralisia infantil. Entenda

Por: Estadão Conteúdo . 09/08/2022

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Crianças pobres são o principal grupo de risco na paralisia infantil. Entenda

O aumento da pobreza, somado à baixa cobertura vacinal, acentua os riscos de paralisia infantil

3 minutos, 31 segundos de leitura

09/08/2022

Por: Estadão Conteúdo

Favela do Sol Nascente, perto de Brasília e Ceilândia, a 32 quilômetros do Congresso Nacional, em 2019: a poliomielite é uma doença altamente contagiosa, que atinge principalmente crianças com menos de cinco anos e que vivem em alta vulnerabilidade social, em locais onde não há tratamento de água e esgoto adequado. Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

Com reportagem de Caio Possati, especial para O Estado de S. Paulo

Raquel Stucchi, infectologista da Universidade de Campinas (Unicamp) e Consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, lembra que, além da baixa adesão às vacinas nos últimos anos, o aumento de pessoas em vulnerabilidade social também torna o Brasil mais propenso a registrar um caso de poliomielite depois de 33 anos. “Há chances, sim, de o Brasil voltar a apresentar casos de pólio e isso se deve, principalmente, à baixa cobertura vacinal. Mas há também o aumento da pobreza e o crescimento da quantidade de população vulnerável que vive onde não há saneamento básico e tratamento de água e esgoto. Isso, somado à baixa cobertura vacinal, aumenta o risco da paralisia infantil”, diz Raquel.

O epidemiologista Jesem Orellana, pesquisador da Fiocruz Amazonas, segue nessa linha. Para ele, o Brasil tem chances de voltar a registrar casos de poliomielite em razão das baixas coberturas vacinais, o que considera lamentável, também, porque o País já foi exemplo para o mundo no assunto de vacinação. “Temos centenas de milhares de crianças suscetíveis no Brasil e ainda há cadeias de transmissão ativas do vírus no planeta”, afirma Orellana.

Criança vacinada em Mato Grosso do Sul, no primeiro dia da Campanha Nacional de Vacinação. A poliomielite não tem cura. A prevenção é feita com a vacina. Foto: CLÓVIS NETO/FOTO ARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Volta do sarampo como exemplo — O passado recente do Brasil, lembra Mônica Levi, da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), mostra que o receio do retorno da pólio no País “não é um risco hipotético”. Para a especialista, as baixas adesões para alguns dos imunizantes que compõem o calendário infantil estão colocando o Brasil sob risco de reintrodução de doenças que já foram controladas e eliminadas. Um exemplo é o sarampo.

“Em 2016, nós recebemos o certificado de eliminação da circulação do vírus (de sarampo) no País. Mas dois anos depois, por conta das baixas coberturas vacinais, tivemos um surto da doença na Região Norte, que se espalhou rapidamente para demais estados do Brasil e não conseguimos controlar totalmente até o momento”, diz Mônica. Em 2019, no ano seguinte ao surto e três anos depois de ter adquirido o selo que reconhecia a eliminação da doença no País, o Brasil perdeu a certificação de país livre do sarampo.

“A paralisia infantil também é uma doença muito grave, com sequelas permanentes, que está nos ameaçando de retorno. É fácil manter o controle, desde que as pessoas sejam conscientizadas e vacinem as crianças novamente. Queremos voltar a ser o exemplo que éramos antes, retomando as altas coberturas vacinais. Esse é o atual objetivo do PNI (Plano Nacional de Imunização)”, conclui a especialista.

O QUE É POLIOMIELITE (PÓLIO OU PARALISIA INFANTIL)
A poliomielite é uma doença altamente contagiosa, que atinge principalmente crianças com menos de cinco anos e que vivem em alta vulnerabilidade social, em locais onde não há tratamento de água e esgoto adequado.
O poliovírus é transmitido de pessoa para pessoa por via fecal-oral ou por água ou alimentos contaminados, e também de forma oral-oral, por meio de gotículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar.
O vírus ataca o intestino, mas pode chegar ao sistema nervoso e provocar paralisia irreversível — daí o nome paralisia infantil — em membros como as pernas, e também dos músculos respiratórios, levando o paciente à morte. A poliomielite não tem cura. A prevenção é feita com a vacina.

CAMPANHA DE VACINAÇÃO VAI ATÉ 9 DE SETEMBRO
A boa notícia é que o Brasil está em campanha nacional de vacinação contra a poliomielite até o dia 9 de setembro. O objetivo da mobilização é alcançar uma cobertura vacinal igual ou maior que 95% em crianças de 1 a 5 anos de idade, e proteger o público de até 15 anos com imunizantes do Calendário Nacional de Vacinação (veja a lista das vacinas distribuídas). Saiba como funciona a vacinação.

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