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As corridas invisíveis

Por: Alan Magalhães . 14/09/2022

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As corridas invisíveis

Batalhas e vitórias pessoais nem sempre estão nos holofotes

3 minutos, 45 segundos de leitura

14/09/2022

Babi Rodrigues e Felipe Lapenna: vitória da perseverança. Foto: Luís França

Brasileiro adora automobilismo, e isso fica comprovado pelos altos índices de audiência, que não param de crescer. Na Fórmula 1, principal categoria desse esporte no mundo, o Brasil registra crescimento na audiência e, mesmo há cinco anos sem a presença de um piloto brasileiro, o Grande Prêmio Brasil esgota seus ingressos em poucas horas, a cada ano. Na Stock Car Pro Series, não é diferente.

Calcados em uma estratégia inovadora, que levou à transmissão das provas ao vivo, por meio de diversas plataformas televisivas, com sinal aberto ou por assinatura, e, principalmente, nos meios digitais, os números saltaram de forma impressionante. Porém, do que vale ter muita transmissão se o produto não for bom? É aí que 43 anos de tradição faz a diferença.

Desde 1979, quando foi criada, a Stock Car nunca parou de se reinventar, e, hoje, entrega um produto de primeiríssima qualidade aos mais de 100 países abrangidos pela transmissão, que é feita em português, inglês, espanhol e russo. E produto de automobilismo bom é aquele que mostra o que o espectador quer ver: disputa e emoção.

Altamente competitiva

Por exemplo, na mais recente etapa, no Autódromo Velocitta, a pole position foi definida por uma margem incrivelmente pequena. Somente 0s005 (5 milésimos de segundo) separaram os três primeiros colocados da sessão classificatória.

Bruno Baptista liderou a dobradinha com seu Toyota Corolla, que foi completada pelo ex-piloto de Fórmula 1 Ricardo Zonta – autor de outra marca radical, ao empatar em exatos 1min32s010 com o terceiro colocado, Felipe Lapenna. Conforme determina o regulamento, como Zonta foi o primeiro a registrar a marca, ficou com o segundo lugar, no grid. Foi a terceira vez em que a Toyota largou na posição de honra da Stock Car, nesta temporada, encostando na Chevrolet, que marcou cinco poles, até agora.

E, nesse cenário de 34 carros separados por diferenças mínimas, alguns feitos acabam passando despercebidos. Como a incrível história de Nelson Piquet Jr., que disputou, no mesmo final de semana, a etapa da Stock Car no Velocitta e um rally de dimensões continentais. Como? Com uma exaustiva maratona aérea, que o fez perder as atividades de sexta-feira, na Stock Car, indo diretamente para a classificação, em que colocou seu Toyota Corolla, na décima posição, na largada.

Com um 13º lugar, na Corrida 1, e a 7ª posição, na Corrida 2, depois de uma batalha incrível com o também ex-F1 Rubens Barrichello, o próximo desafio do brasiliense foi ir ao aeroporto, onde embarcou para Palmas (TO), de onde ainda percorreu mais 400 quilômetros, por rodovia, para chegar a Mateiros, no interior de Tocantins, para iniciar a 9ª etapa do rally de 510 quilômetros, que terminou em Bom Jesus, no Piauí.

Hot Car comemora

Outro piloto acostumado a ficar fora dos holofotes é o paulistano Felipe Lapenna, 36 anos, que esperou 180 etapas de Stock Car antes de conquistar sua primeira vitória na categoria. Lapenna venceu a Prova 1 da oitava etapa.

Foi também a segunda vitória, na história da sua equipe, a Hot Car, a primeira sob o comando de Babi Rodrigues, única mulher na chefia desde a criação da categoria. “Nada acontece no padrão para a Hot Car… É pole, não é pole, é pole de novo, não… Nós viemos ao Velocitta já vitoriosos, sabendo que este final de semana era nosso.” As coisas vão se encaixando e estamos a cada dia mais confiantes”, disse Babi, médica veterinária de formação, que assumiu o comando da equipe, após a morte de seu pai, Amadeu Rodrigues, em acidente rodoviário ocorrido em 2020. Muitas coisas acontecem nos bastidores que acabam passando despercebidas e há corridas que são invisíveis.

Nelson Piquet Jr. esteve em várias corridas no último final de semana. Foto: Marcelo Machado de Melo

Campeonato aberto

Com mais oito corridas divididas em três etapas, Santa Cruz do Sul (25/9), rodada quádrupla em Goiânia (22/10) e a grande final, na reinauguração do autódromo de Brasília (20/11), a tabela mantém-se embolada, com o atual campeão, Gabriel Casagrande, na liderança, com 222 pontos, seguido por Daniel Serra, com 203, Matías Rossi, com 201, e Rubens Barrichello, com 189. Porém, com o descarte dos quatro piores resultados, como reza o regulamento, neste momento o argentino Rossi seria o vice-líder, à frente de Serra. A reta final da temporada será emocionante.

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