Bíblia da Stock Car é relançada em Interlagos
História detalhada de 564 provas pode ser acessada pelos fãs
A trajetória toda começou com uma bravata contada, em alto e bom som, na sala de imprensa de uma prova de Stock Car, em 2003, quando um piloto local, que não corria na categoria, bradou para os jornalistas presentes: “Eu já corri de Stock Car!” A dúvida pairou no ar, pois ninguém se lembrava de seu nome em nenhum grid de largada. Foi aí que o jornalista Milton Alves, então chefe de imprensa, decidiu averiguar a história. Esse foi o início de um trabalho que ganhou proporções inimagináveis.
Alves, decano do jornalismo esportivo, tomou gosto pela tarefa e decidiu organizar as informações da categoria, o que ninguém havia feito até então, nos 24 anos que a categoria já somava. Foi quando percebeu que a história estava se perdendo, pois não havia nenhum registro organizado. Notou também que nem organizadores, promotores, federações ou até a Confederação Brasileira de Automobilismo dispunham dessas informações.
Arquivos pessoais de pilotos, consultas em jornais de época e resgate de documentos em várias fontes começaram a formar um banco de dados, que, a cada nova adição, ficava ainda mais interessante. Pilotos passaram, então, a se surpreender com seus próprios números, e o banco de informações, que nasceu despretensiosamente, acabou chamando a atenção de outro nome de peso do jornalismo esportivo, o comentarista Reginaldo Leme. Nascia ali, em 2013, o Guia Shell da Stock Car, em formato impresso, que rapidamente se tornou ferramenta poderosa de informação sobre a categoria.
Intervalo que desagradou aos interessados
Crises políticas, econômicas e até de gestão da própria Stock Car interromperam a edição do guia, em 2015. Porém, a principal fonte de consulta sobre a rica história da maior categoria do automobilismo brasileiro voltou a ser publicada, em formato de livro. Seu lançamento foi no último final de semana, durante a disputa da sétima etapa da temporada, no autódromo de Interlagos, na capital paulista, que marcou o início da segunda metade do campeonato de 2022 (veja quadro).
O Guia BRB Stock Car traz um compilado detalhado de dados estatísticos de todas as 564 corridas promovidas pela Stock Car, entre 1979 e 2021. Em 689 páginas, o livro apresenta, além das fichas completas de todas as provas, informações de cada participação dos mais de 450 competidores, de 18 diferentes nacionalidades, que pontuaram na categoria. O guia publica ainda dados de todos os carros, traçados utilizados, rankings históricos e até a evolução da logomarca oficial do campeonato.
Pouca gente sabe, mas, por exemplo, a Stock Car já disputou uma etapa no autódromo do Eusébio, em Fortaleza (CE), em 1979, ano da criação da categoria. A corrida foi vencida pelo goiano Alencar Jr., que soma 87 participações, coroadas com o título de 1982. “A Stock Car não poderia ficar sem seus dados atualizados. Essa quarta edição do Guia BRB da Stock Car apresenta complementos de resultados que haviam se perdido no tempo e, agora, estão à disposição de todos”, comenta Milton Alves.
A publicação também passa a trazer fotos históricas inéditas e textos que contam tudo sobre cada temporada. Além do patrocínio máster do Banco BRB, a publicação oficial tem apoio da Emirates National Oil Company (Enoc), lubrificante oficial da categoria, e da Braspress.
Os novos gestores da Stock Car comemoraram a volta do guia. “Talvez mais cedo do que qualquer outra modalidade, o automobilismo transformou-se no esporte das estatísticas. Ele é medido em números. Por isso, é com muito orgulho que lançamos a edição 2022 do Guia BRB Stock Car”, afirma Fernando Julianelli, CEO da Vicar Promoções Desportivas.
Ah, por sinal, aquele piloto da bravata, citado no começo do texto, foi informado de que nunca correu de Stock Car, como afirmou. Para ter essa certeza, basta consultar o Guia BRB da Stock Car.
Deu Argentina e Brasil
Diante de um autódromo de Interlagos lotado, a sétima etapa (realizada no último final de semana) foi marcada por provas emocionantes e resultados emblemáticos. Matías Rossi triunfou na Corrida 1 e se tornou o estrangeiro com mais vitórias na Stock Car, enquanto Felipe Fraga, que substituiu Daniel Serra, na equipe RC, desceu do carro em lágrimas, ao voltar à categoria em que foi campeão, e à vitória em Interlagos, depois de ter largado em 21º na Corrida 2.
O atual campeão, Gabriel Casagrande, foi outro que se deu bem em Interlagos, ao marcar um quarto lugar na Corrida 1 e chegar em sétimo na segunda prova do dia, tirando, assim, proveito da ausência de seu rival direto na tabela, Daniel Serra. Com os resultados, Casagrande reassumiu a liderança do campeonato. Thiago Camilo, com um quinto e um segundo lugares, foi o Man of the Race, o maior pontuador da etapa paulistana.
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