Municípios para pequenos cidadãos
Entenda a importância de a infraestrutura urbana e de mobilidade atender às necessidades de crianças e adolescentes
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05/09/2022
Por: Daniela Saragiotto
Se antigamente as ruas eram locais de convívio e de brincadeiras para crianças e adolescentes, ao longo do tempo elas foram ganhando fama de lugares perigosos e sendo evitadas pelos pequenos. Essa é apenas uma das consequências da falta de atenção da maioria dos municípios brasileiros às necessidades desse público em seus planos de infraestrutura urbana e mobilidade.
“O modelo rodoviário, que prioriza os veículos, não só desarticulou a escala humana do planejamento urbano, da mobilidade e dos espaços públicos, como invisibilizou a diversidade social das nossas cidades. E as crianças foram um dos grupos mais afetados, já que, até há pouco tempo, não era reconhecido dentro das dinâmicas urbanas”, diz Gabriella Callejas, fundadora e diretora da Cidade Ativa, organização social que trabalha para que as cidades sejam mais inclusivas.
Falta de acessibilidade universal, obstáculos que tornam os deslocamentos perigosos e falta de infraestrutura de apoio, como banheiros com trocadores, entre outras necessidades, são desafios que inibem que as crianças ocupem as grandes metrópoles. O resultado é a falta de interação com esses espaços, tão importantes para a formação e para a autonomia dos jovens cidadãos. “É no ambiente urbano que se aprendem as primeiras noções de civilidade. E a forma como as crianças experienciam esses locais certamente influenciará o jeito que vão viver a cidade no futuro”, avalia Nathalie Prado, coordenadora da Cidade Ativa.
Para mudar essa realidade
A cidade de Jundiaí, localizada no interior do Estado de São Paulo, tem sido reconhecida há alguns anos por incluir as crianças em seu planejamento urbano, resultado do trabalho de um comitê específico que escuta e implementa as demandas desse público. Uma das iniciativas mais conhecidas é o Ruas de Brincar, implementado pela prefeitura com o apoio do Ateliê Navio e Fundação Bernard van Leer, e que consiste no fechamento de algumas ruas mapeadas aos domingos para que as crianças brinquem em segurança.
A ação está integrada ao programa municipal Cidade das Crianças, cuja proposta é a de incentivar entre os pequenos e seus cuidadores o resgate do intercâmbio geracional por meio de brincadeiras tradicionais, como pular corda, corrida, amarelinha, esconde-esconde, entre outras. O fechamento das ruas é gerenciado pelos próprios moradores do entorno, que colocam cavaletes com a seguinte frase: “Perdoem o transtorno – Estamos brincando por vocês”.
Pequenos gestores
A Fundación Mapfre também acredita na importância da participação de crianças e adolescentes para mudar realidades nas grandes cidades. Uma das frentes atua por meio do Educação Viária É Vital, programa que existe há mais de dez anos e que, recentemente, firmou uma parceria com a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) para a capacitação de professores da rede pública.
Por meio dele, os alunos fazem uma ampla pesquisa sobre as condições das vias e outros aspectos do entorno da escola, e são incentivados a ir além, implementando ações com foco na segurança. “Esse programa empodera crianças e jovens a buscarem soluções. Temos diversas conquistas práticas, como alunos que reivindicaram e conseguiram que uma passarela fosse construída, dando segurança no acesso à escola”, explica Fátima Lima, representante da Fundación Mapfre no Brasil.
EDUCAÇÃO VIÁRIA É VITAL
*Até maio/2022
Alcance do programa da Fundación Mapfre com a rede pública de ensino*
3.919 professores capacitados dos ensinos fundamental e médio
767 escolas em 99 cidades
103.800 alunos beneficiados
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