Stock Car entra na fila de embarque
Iniciativa inédita levará o automobilismo de volta ao Rio de Janeiro
A vocação turística, aliada às belezas naturais, sempre colocou a cidade do Rio de Janeiro na rota dos grandes eventos esportivos que trazem divisas, sempre bem-vindas, aos cofres públicos. Não à toa, governos disputam os eventos importantes, pois sabem que o saldo é sempre muito positivo, não apenas no resultado financeiro mas, principalmente, na imagem projetada por meio da mídia que os divulgam.
Prova disso foi a eterna disputa entre São Paulo e Rio de Janeiro pela primazia de sediar o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1. Desde a primeira prova oficial da categoria disputada no País, em 1973, no circuito paulistano, foram quatro alternâncias de local entre as duas maiores capitais do Brasil.
A primeira delas ocorreu em 1978, quando o circuito de Jacarepaguá sediou a corrida, vencida pelo argentino Carlos Reutemann, com Emerson Fittipaldi em segundo, com seu Copersucar Ford. Já no ano seguinte, Interlagos de novo, mesmo palco da prova de 1980, antes de voltar ao Rio, em 1981, até retornar a São Paulo, em 1990, onde é disputado até hoje.
Mas por que o Rio não voltou mais? Simples de responder. Apesar de ser um Estado que guarda vasta tradição no automobilismo, as autoridades dizimaram o belo circuito de Jacarepaguá, cujo terreno foi usado para a construção do Parque Olímpico do Rio de Janeiro, abandonado após os Jogos Pan-Americanos de 2007, acabando com o elogiado traçado de 5.031 metros.
Para se ter uma ideia, a cidade de Petrópolis, na serra fluminense, é um dos maiores polos geradores de vitórias da Stock Car. Estão lá sediadas, atualmente, as equipes Lubrax Podium, Ipiranga Racing e a atual campeã de pilotos, A. Mattheis/Vogel. Se listarmos as equipes que já tiveram sede na “cidade imperial”, na história da categoria, a lista ficará muito longa.
O circuito de Jacarepaguá, que já teve cinco metragens diversas, incluindo um anel externo de 2.770 metros utilizado em 2000, sediou 42 provas de Stock Car, com 21 diferentes vencedores, entre o triunfo de Zeca Giaffone, em 1979, e a derradeira prova da categoria, disputada por lá em 2012, vencida por Allam Khodair.
O Rio de volta ao calendário
Já que acabaram com Jacarepaguá, a Stock Car Pro Series vai inaugurar, em 2022, um tipo de circuito que poucas categorias em todo o mundo foram capazes de frequentar. No dia 10 de abril, acontecerá a primeira corrida em um aeroporto comercial na história do esporte nacional. A prova será disputada em uma pista a ser montada no Aeroporto Internacional RIOGaleão Tom Jobim, situado na Ilha do Governador, na capital fluminense.
O evento contará, inclusive, com uma etapa da Stock Series, categoria de acesso da Stock Car. A iniciativa marca, também, as comemorações dos 70 anos do RIOGaleão, inaugurado em 1º de fevereiro de 1952.
“Há um sentimento de grande orgulho, em todos os membros da Stock Car, pela façanha que estamos construindo para o ano que vem – isso vai dos pilotos aos engenheiros, mecânicos e patrocinadores. Certamente, os fãs sentirão o mesmo. Será um momento histórico”, destaca Fernando Julianelli, CEO da Vicar, promotora da Stock Car.
“Um aeroporto comercial possui uma complexidade logística muito especial. Some-se a isso a dificuldade natural de se realizar uma corrida fora de um autódromo, em que todas as instalações e pista já existem, e então você começa a entender o tamanho do desafio. Por isso, é importante agradecer e destacar o papel do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Aeroporto RIOGaleão, Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude, Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e Infraero”, completou Julianelli.
Apertem os cintos, a Stock Car está prestes a decolar.
Circuito terá nome de piloto da categoria
Cacá Bueno, que começou a correr no também extinto kartódromo de Jacarepaguá, esteve presente ao Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro, para o evento de apresentação do GP do Galeão, em circuito que terá o traçado chamado de Circuito Cacá Bueno.
Em discurso durante a apresentação da mais nova etapa da categoria brasileira, Bueno se mostrou emocionado e exaltou os esforços de promotores e autoridades fluminenses para que o esporte pudesse voltar ao Estado.
“É um grande orgulho ter uma pista com o meu nome. É uma honraria, um reconhecimento do nosso trabalho. E só pude chegar aqui por tudo o que eu aprendi na minha cidade, começando a competir de kart, de carro e andado por equipes da Stock Car daqui. Agradeço o esforço do governo do Rio de Janeiro e da Vicar”, disse o piloto, que ainda teve a chance de acelerar pela pista do aeroporto com o carro da Stock Car, em uma ação exibida durante a apresentação da corrida, na sede do governo fluminense.
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