A busca por novas fontes de combustível tem encontrado, nos últimos anos, soluções inovadoras no caminho. Nesse cenário, a produção de hidrogênio verde tem se destacado como uma possibilidade 100% renovável e o Brasil já começou a produzir o insumo pelo país.
A primeira usina de hidrogênio verde de Santa Catarina foi instalada no território da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no dia 25 de agosto. O combustível é produzido a partir da água da chuva captada no local e energia produzida pelos painéis solares do prédio.
O hidrogênio como fonte de energia parte do processo chamado eletrólise da água. Desta forma, as moléculas de água (H²0) são separadas em hidrogênio (H) e oxigênio (O).
O eletrolisador da usina catarinense tem 25 kW de potência e, em 2h30, é capaz de produzir 1 kg de H2 verde. Para essa produção, o equipamento utiliza 10 litros de água e 60 kWh de energia solar fotovoltaica, produzida no próprio prédio.
“[A usina] não opera dia e noite, nós somos um laboratório de pesquisa, não uma planta produtora de hidrogênio”, explica o professor Ricardo Ruther. De acordo com a universidade, o novo prédio funcionará como um centro de pesquisa e tecnologia, voltado para testes e capacitação de profissionais.
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O projeto também pretende testar a produção local para replicação em regiões específicas da Amazônia. Segundo o professor, com esse projeto, será possível promover a descarbonização da área, com a substitução do uso do diesel por um combustível 100% renovável.
“A gente tem chuvas em abundância na Amazônia, muita incidência solar, também”, afirma Ruther sobre a ideia de replicar a usina no Norte. O Brasil gasta cerca de 12 bilhões de reais ao ano para subsidiar o diesel para atender essas comunidades ribeirinhas.
Além do hidrogênio verde, a usina também irá produzir amônia, utilizada principalmente como fertilizante. A amônia é uma reação posterior da própria produção do hidrogênio verde. Segundo o professor, a Universidade já tem um projeto de agrofotovoltaíco em andamento no mesmo terreno.
A usina é fruto de uma parceria entre a universidade e o governo da Alemanha. O projeto recebeu um investimento de R$ 14 milhões do governo alemão para um trabalho de cooperação científica e tecnológica.
Ainda em janeiro deste ano, o Brasil teve sua primeira molécula de hidrogênio verde produzida. O evento aconteceu no Complexo Termelétrico do Pecém (UTE Pecém), em São Gonçalo do Amarante, no Ceará.
Até o momento, os projetos com hidrogênio verde estão concentrados no Nordeste. Uma das justificativas é a pela proporção da produção de energia renovável na região e a disponibilidade de água.
Outra iniciativa parecida é a da Unigel, no Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia. Também em janeiro, a empresa anunciou novos investimentos relacionados ao projeto em escala industrial do país. O valor foi de US$ 1,5 bilhão, equivalente a cerca de R$ 7,28 bilhões.
Os projetos em desenvolvimento de hidrogênio verde no Brasil já somam mais de US$ 30 bilhões, o equivalente a aproximadamente R$ 150 bilhões.