Especial Covid-19: a responsabilidade de governar
Como a pandemia mudou a maneira como as cidades brasileiras respondem aos desafios
Com a pandemia, o mundo se deparou com a necessidade de alterar rapidamente a relação com trabalho, educação, lazer e, principalmente, com o espaço urbano. Apesar de incontestáveis perdas que vieram com o novo vírus, mudanças positivas aconteceram nas cidades e que ficarão de legado mesmo após a crise passar: a principal delas é a aceleração dos processos de digitalização de serviços e a implementação de novas tecnologias como forma de otimizar a governança.
Uma cidade conectada é aquela que consegue utilizar diferentes tecnologias para facilitar o planejamento urbano, melhorar os serviços públicos, reduzir custos e também facilitar o contato entre gestores públicos e cidadãos. Ainda, é preciso que as plataformas dialoguem entre si, tornando a gestão dos domínios governamentais mais simples e inteligente.
Com isso, não basta apenas digitalizar a burocracia: segundo o secretário adjunto do Governo Digital, Ciro Avelino, a digitalização dos serviços públicos não se trata de transferir a burocracia para a internet, mas de reavaliar os processos de maneira que sejam otimizados ou até mesmo deixem de existir. Esse processo, que foi intensificado durante a pandemia devido às medidas de isolamento social, pode economizar até R$ 38 bilhões por ano, sendo que a cada R$ 1 investido nos processos de digitalização, a economia do poder público é de R$ 37.
Digital twin e as cidades
O ‘Digital Twins’ é uma tecnologia que utiliza Big Data, IoT e inteligência artificial com o objetivo de analisar e exibir as informações de forma unificada. Com essa tecnologia é possível criar uma representação física de objetos, espaços ou até mesmo cidades inteiras. Ainda, a ferramenta permite com que modelos 3D dinâmicos substituam ferramentas físicas e o trabalho manual, otimizando o trabalho de engenheiros, arquitetos, urbanistas, entre outros.
Dentro do contexto das cidades, o ‘Digital Twins’ pode ser utilizado como maneira de monitorar o planejamento urbano, auxiliando na gestão de dados geométricos, topográficos, demográficos, de mobilidade, saúde e outros em um modelo visual. Com isso, tanto a esfera pública, quanto a privada, podem planejar e gerenciar o desenvolvimento de infraestrutura, a utilização de recursos naturais, os sistemas de transporte e o desenvolvimento socioeconômico de maneira mais transparente e colaborativa.
Com a pandemia, ficou evidente a necessidade de implementação de uma plataforma que fosse capaz de compartilhar e processar informações rapidamente, além de permitir com que gestores experimentem diferentes operações e respostas a diferentes situações emergenciais que podem acontecer no futuro. Cidades resilientes não são apenas aquelas que lidam com a adversidade, mas, principalmente, aquelas que se preparam para situações adversas e garantem que o impacto será o menor possível.
Ainda, a nova tecnologia permite uma aproximação entre governantes, empresas e cidadãos. Durante a pandemia, foi possível observar um descontentamento geral com as medidas que buscavam o isolamento social com a finalidade de diminuir a disseminação do vírus. Em grande parte esse descontentamento se deu devido a falta de compreensão e controle sobre o que estava acontecendo: com plataformas que permitam com que a população acesse dados relevantes, como um mapa visual mostrando o número de cidadãos infectados e uma simulação de como os casos poderiam se multiplicar, essa reação provavelmente seria completamente diferente e a população estaria mais inclinada a seguir as recomendações.
Cada vez mais fica evidente a indispensabilidade de aproximar o ato de governar com as diferentes esferas que compõem o espaço urbano. Com a aceleração dos processos de digitalização de serviços públicos, o Brasil se aproxima a uma realidade mais colaborativa e transparente, facilitando a criação de cidades mais inteligentes e inclusivas.
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