Tudo na ponta do dedo
Mobilidade como serviço avança, mas há muitos desafios para que usuários possam usufruir dos benefícios
Sair de casa usando ônibus e metrô, rumo a uma estação rodoviária e, ao final do trajeto, em outra cidade ou Estado, pedir um carro por aplicativo para chegar ao destino. Tudo centralizado na mesma plataforma ou aplicativo, podendo visualizar linhas e horários mais convenientes e fazer o pagamento. De forma prática e resumida, é isso que teremos quando a mobilidade como um serviço, ou mobility as a service, conhecida pela sigla MaaS, estiver totalmente implementada.
Para sabermos mais sobre esse tema, o Mobilidade Estadão conversou com Pedro Somma, CSO da MaaS Global, primeira operadora de mobilidade como um serviço no mundo, que, em março, adquiriu a startup brasileira Quicko. Somma foi um dos palestrantes do Parque da Mobilidade Urbana, que aconteceu, na semana passada, em São Paulo e é resultado de uma parceria com o Connected Smart Cities.
Como a mobilidade como um serviço avança no Brasil?
Pedro Somma: Ela está começando no País por meio de aplicativos como a Quicko. A ideia é integrar soluções em uma mesma plataforma para oferecer aos clientes tudo de que necessitam para seus deslocamentos. Hoje, já oferecemos aos usuários informações, em tempo real, como itinerários, localização dos pontos de parada e grade horária, por exemplo, favorecendo os deslocamentos pelas rotas em diferentes modais e tornando a mobilidade mais ágil, democrática e conveniente ao consumidor. Esse conceito coloca o usuário no centro do planejamento urbano.
Em algumas regiões, como nas cidades de Salvador (BA) e São Paulo (SP), o app vai além, oferecendo a possibilidade de recarga do bilhete do transporte e consulta de saldo e extrato. Em Salvador, também, lançamos o primeiro clube de vantagens do setor, em que pontos acumulados podem ser revertidos em créditos para o transporte coletivo.
Quais os benefícios para a mobilidade que isso irá proporcionar?
Somma: De modo objetivo, usuários de tais plataformas terão mais flexibilidade e facilidade em seus deslocamentos, já que poderão acessar e pagar em um só local todos os serviços de mobilidade disponíveis. Isso significa que a mobilidade como serviço está facilitando o abandono da posse do automóvel privado, tornando, também, as cidades mais sustentáveis. Em breve, será possível oferecer um serviço de mensalidade que abrange diversas modalidades de transporte, tornando-se mais eficiente do que possuir um carro particular e oferecendo às pessoas a possibilidade de escolha.
Quais os desafios que teremos que enfrentar para desfrutarmos da mobilidade como um serviço em sua totalidade?
Somma: Um deles é a digitalização e a abertura da comercialização de créditos, permitindo a criação de novos negócios, produtos e serviços para aperfeiçoar a experiência do usuário do transporte coletivo, além de desonerar o setor público e permitir ao privado maior participação e proposição de iniciativas que incentivem o progresso do setor.
Também é necessário que haja a abertura de dados do segmento, que, inclusive, pode significar uma gestão pública do transporte mais eficiente. Recursos serão mais bem aproveitados e a experiência do usuário tende a ser melhor, considerando serviços com mais qualidade e precisão, incentivando as pessoas a utilizarem o transporte coletivo. Outro aspecto que tem que ser levado em conta é o aperfeiçoamento da infraestrutura das cidades, com novas paradas que favoreçam a integração de modais e o impulsionamento da micromobilidade, sempre que possível.
Que países estão avançados nesse conceito?
Somma: A Finlândia, berço do conceito de mobility as a service, é o principal exemplo. Helsinque, capital finlandesa, revisou sua política de transportes, concentrando-se principalmente na tecnologia digital, com o objetivo de incentivar a mudança de mentalidade para a mobilidade coletiva, já que podem, facilmente, usar todos os tipos de veículo: dos táxis às scooters. Como resultado, além da redução no trânsito da cidade, também houve grande impacto na qualidade do ar.
Hoje, a transformação da rede de transportes faz parte dos planos adotados pelas autoridades para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 30% até 2030, com o objetivo de alcançar a neutralidade de carbono até 2050. Para isso, a capital contou com a atuação da startup local, a MaaS Global, primeira operadora do serviço do mundo, responsável pela criação do aplicativo Whim. Por meio da ferramenta, o usuário pode elaborar um trajeto multimodal a ser pago por meio de corridas individuais ou planos de assinatura com periodicidades variáveis, de acordo com a necessidade.
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