Assim, ao analisar os índices de lentidão por dia da semana em 2025, a quinta-feira tem o pior cenário, com 395 km de vias travadas, seguido pela terça-feira, com 379 km. Já a sexta-feira, contudo, aparece como o terceiro pior dia de tráfego, com média de lentidão de 378 km. A diferença é pequena, claro, mas demonstra uma alteração de comportamento.

De acordo com Irineu Gnneco Filho, diretor de projetos da Urucuia Mobilidade Urbana, as mudanças no modelo de trabalho pós pandemia e a consolidação de uma nova rotina urbana são alguns dos fatores que podem explicar essa alteração.

“Com o home office parcial se consolidando para parte da população, muitas empresas adotaram o sistema híbrido. Nele, os funcionários vão presencialmente ao escritório às terças, quartas e quintas, com segundas e sextas sendo mais flexíveis”, diz.

Segundo o especialista, o fato gerou uma concentração de carros nas ruas no “meio da semana”. “Dessa forma, há uma nova rotina sendo formada, com eventos, reuniões corporativas, aulas presenciais nos dias centrais da semana, alterando os padrões de mobilidade urbana”, explica.

Congestionamentos: terças e quintas superam a sexta

Comparando com os anos anteriores, a sexta-feira ou aparece como o dia com maior congestionamento – como em 2024, quando registrou 392 km de lentidão – ou estava entre os dois dias com as maiores lentidões nas vias (caso de 2023, quando o quinto dia útil da semana empatou com a terça-feira, com 343 km).

Quanto mais se aproxima do período pré e durante a pandemia (entre 2020 e 2022), maior é o congestionamento às sextas-feiras (veja nos gráficos abaixo). Apenas como exemplo, em 2019 a sexta aparece com 537 km de lentidão, seguido pela quinta-feira, com 511 km.

De acordo com Gnneco Filho, a sexta-feira se transformou em um dia de escape. “Com menos deslocamentos a trabalho e maior flexibilidade, muitas pessoas evitam sair de carro nesse dia. Outras, no entanto, antecipam viagens, o que dilui a demanda por mobilidade nesse dia.”

Percepção de piora do trânsito e aumento da frota

Analisando os congestionamentos de modo geral, ainda não chegamos ao nível anterior à pandemia. De acordo com a CET, as médias anuais de lentidão após o período de isolamento, entre março de 2020 a fevereiro de 2022, tiveram acréscimos gradativos entre 2022 e 2024.

Porém, os índices médios anuais registrados estão abaixo do registrado em 2019, período anterior à pandemia.

Dessa forma, a lentidão média anual verificada em 2024, que foi de 361 km, ficou 4% acima da registrada em 2023, que foi de 348 km.

A média anual de 2024, entretanto, ficou 25% abaixo na comparação com 2019, quando foram registrados 481 km de lentidão.

Para o especialista, uma menor previsibilidade dos horários de congestionamento passa a sensação de piora dos congestionamentos. “Antes, o trânsito se concentrava em horários de pico bem definidos. Atualmente, ele se espalha ao longo do dia, o que dá a sensação de que existe trânsito o tempo todo”, diz.

Além disso, Gnneco Filho também menciona o aumento da frota de veículos de passeio. “O medo de contaminação nos transportes públicos e a queda de confiança nesses sistemas desde a pandemia levaram mais pessoas a recorrerem ao uso do carro. Isso aumenta a sensação de trânsito, mesmo sem alcançar os patamares de 2019”, finaliza.

De acordo com o Detran-SP, a frota ativa de automóveis passou na cidade de São Paulo passou de 4,4 milhões de veículos em 2019 para 4,6 milhões até julho deste ano.

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