Produção de bicicletas elétricas no Brasil cresce 122% no primeiro semestre de 2025, diz Abraciclo
Fábricas localizadas em Manaus produzem 45 modelos diferentes de bikes elétricas

A produção de bicicletas elétricas no Brasil deu um salto no primeiro semestre de 2025. Segundo dados da Abraciclo divulgados nesta sexta-feira, 11, a fabricação desse tipo de bicicleta cresceu 122,6% entre janeiro e junho em comparação com o mesmo período do ano passado. Ao todo, 18.223 unidades saíram das linhas de montagem do Polo Industrial de Manaus (PIM), que concentra a maior parte da indústria nacional de duas rodas.
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O aumento na produção reflete a tendência global de eletrificação da mobilidade urbana. Na Europa, por exemplo, as bicicletas elétricas já representam metade das vendas no setor. Já na China, onde há restrições ao uso de motocicletas a combustão, o governo promove programas de incentivo à troca de veículos. Isso impulsionou a venda de mais de 2 milhões de bicicletas elétricas em um ano.
Embora o Brasil esteja cerca de dez anos atrasado em relação aos mercados europeu e asiático, o segmento avança rapidamente. “O crescimento é exponencial porque partimos de um volume ainda baixo. A cada ano, o setor dobra ou cresce em dois dígitos”, afirma Fernando Rocha, vice-presidente do segmento de bicicletas da Abraciclo. Atualmente, as associadas da entidade oferecem 45 modelos elétricos diferentes à disposição do consumidor.
Além das bicicletas elétricas
Apesar do crescimento das elétricas, a bicicleta mais produzida no Brasil segue sendo a mountain bike. Ao fim do primeiro semestre de 2025, 94.386 unidades saíram das fábricas, o equivalente a 52,3% do total. Em seguida, estão os modelos urbanos ou de lazer (19,7%) e os infantojuvenis (14,3%). As bicicletas elétricas ficaram na quarta posição, com 10,1% do total.
O mercado brasileiro também passou por um reaquecimento recente. Após um pico de vendas durante a pandemia, houve queda no consumo, com retorno aos níveis pré-pandêmicos. Esse ajuste de mercado abriu espaço para o crescimento de nichos como as bicicletas urbanas elétricas, modelos de estrada (road) e gravel, além das mountain bikes com motor.
A tendência é que uma parcela significativa do mercado migre para modelos elétricos, especialmente para mobilidade urbana. Ainda há espaço para as bicicletas “analógicas”, especialmente no uso esportivo e recreativo. Mas o segmento elétrico tem potencial para ser a principal opção em deslocamentos diários.
Inovação e desafios no preço das bicicletas elétricas
O custo segue como um dos principais desafios. Enquanto uma bicicleta elétrica urbana com bateria de lítio custa em média entre R$ 7 mil e R$ 10 mil, há modelos premium que ultrapassam R$ 90 mil. O desejo da indústria é tornar os modelos mais acessíveis. Para isso, o foco está em reduzir a capacidade de bateria para trajetos mais curtos, que atendam às necessidades reais dos ciclistas urbanos.
Modelos com baterias menores podem custar menos, ser mais leves e ainda assim atender a percursos médios de 15 a 25 km diários. Para os fabricantes, essa será uma estratégia essencial para ampliar o uso da bicicleta como modal de transporte.
Outro ponto de destaque é a infraestrutura. A falta de ciclovias seguras e fiscalização adequada dificulta a adoção em larga escala. Além disso, o mercado ainda sofre com a entrada de bicicletas importadas que não seguem as regras de segurança nacionais. Conforme a Abraciclo, isso gera competição desleal com os modelos produzidos por empresas regulamentadas no Brasil.
Motocicletas seguem como maioria nas ruas
Apesar da expansão das bicicletas elétricas, as motocicletas ainda são o principal meio de transporte de duas rodas no País. Conforme a Abraciclo, a frota nacional ultrapassa os 35 milhões de unidades, com produção anual de 1,8 milhão de unidades. Já as bicicletas somam uma frota superior a 70 milhões, com produção de 500 mil unidades por ano.
O Polo Industrial de Manaus também concentra a maior parte da indústria de motocicletas, o que garante ao Brasil a sexta posição entre os maiores produtores mundiais. No caso das bicicletas, o País ocupa o quarto lugar global.
Embora as bicicletas avancem como alternativa à mobilidade urbana, as motos mantêm espaço consolidado. Isso ocorre especialmente em entregas, regiões com pouca infraestrutura de transporte e deslocamentos de média distância. Para especialistas, os dois modais podem coexistir de forma complementar, desde que haja políticas públicas adequadas para estimular cada uso.
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