Veículos Elétricos: Startup revoluciona mercado Duas Rodas | Mobilidade Estadão

Buscando sugestões para:


Publicidade

Startup quer dar “choque” no mercado de duas rodas com veículos elétricos

Por: Arthur Caldeira . 20/10/2020
Inovação

Startup quer dar “choque” no mercado de duas rodas com veículos elétricos

Além de suas motos e scooters elétricas, empresa pernambucana aposta em modelo de negócio online e alta tecnologia para oferecer financiamento e seguro acessíveis

8 minutos, 27 segundos de leitura

20/10/2020

Por: Arthur Caldeira

veículos elétricos da Voltz revolucionam mercado duas rodas
A scooter elétrica EV1 foi desenvolvida especialmente para rodar nas ruas brasileiras. Fotos: Marco Ankosqui

A Voltz Motors quer dar um “choque” no mercado brasileiro com seus veículos elétricos de duas rodas. “Queremos revolucionar o ‘ecossistema’ do mercado de motos no Brasil”, explica Manoel Fonseca, diretor de marketing da Voltz. 

A startup pernambucana, fundada em 2017, já dá os primeiros passos para alcançar seu objetivo. No final de setembro, inaugurou sua segunda loja-conceito, agora na cidade de São Paulo – a primeira funciona em Recife (PE) –, e quer ampliar a quantidade de showrooms espalhados pelo País. Atualmente, são cerca de 25 e o plano é abrir outros 40 até o final do ano.

A inauguração também foi a oportunidade para o lançamento da primeira motocicleta elétrica da Voltz, a EVS. O modelo, com estilo street (urbano), como a maioria das motos vendidas no Brasil, já está em pré-venda e seu preço começa em R$ 15.900. 

A EVS terá melhor desempenho e mais autonomia que a scooter elétrica EV1, à venda por R$ 9.490, desde novembro passado. Já foram emplacadas cerca de 1.500 unidades, o que a coloca no ranking das dez scooters mais vendidas em 2020, incluindo os modelos a combustão.

Venda online

Mas a revolução a que se referem os executivos da empresa não envolve apenas a propulsão elétrica das motos e scooters. Começa desde o modelo de venda até os showrooms. Esses showrooms, comandados por empresas parcerias, são, na verdade, contêineres, onde os consumidores podem testar as motos e conhecer a linha de acessórios e lifestyle da Voltz. A empresa aposta no modelo de venda direta ao consumidor (D2C), e a compra é feita pela plataforma de e-commerce, responsável pelo envio e entrega dos veículos elétricos na casa do cliente, em qualquer lugar do País. Os parceiros são remunerados pelas vendas em suas áreas de atuação.

Outra diferença no modelo de negócio da Voltz Motors para outras empresas que apostam no nicho de veículos elétricos é que a scooter EV1 e a futura moto EVS foram desenvolvidas para o Brasil. Não são modelos feitos para outros mercados e simplesmente importados diretamente. Embora seus componentes sejam fabricados na China, a montagem também é feita localmente.

EV1 vai bem na cidade, mas falta “força” em subidas

A EV1 é vendida pelo site da Voltz Motors em oito opções de cor por R$ 9.490 mais o frete

A vantagem, segundo Manoel Fonseca, diretor de marketing da Voltz, é que suspensões, ergonomia e forma de uso foram pensadas para o motociclista e as ruas brasileiras. Isso também pode ser percebido ao ver a scooter EV1, de perto.

Ela não se parece em nada com os veículos elétricos menos potentes, como os patinetes que são vistos rodando em São Paulo até pelas ciclovias. O modelo tem visual e porte de uma scooter a gasolina. 

Além disso, é preciso ter carteira de habilitação na categoria A, para motos. A EV1 também precisa ser emplacada, pago seguro obrigatório, licenciamento anual e até IPVA – apesar de alguns Estados, como São Paulo, oferecerem desconto no imposto por se tratar de uma scooter elétrica.

Bateria removível

Impulsionada por um motor elétrico de 1.800 watts, instalado na roda traseira, a EV1 alcança 60 quilômetros por hora de velocidade máxima. Por essa configuração, a scooter se sente mais à vontade em ruas tranquilas e avenidas de trânsito mais lento, como a Paulista e a Brasil, em que o limite de velocidade regulamentado é de 50 quilômetros por hora. Nessas situações, o desempenho é suficiente para acompanhar o trânsito com segurança.

A scooter ainda tem três modos de condução, que limitam a velocidade a 40, 50 e 60 quilômetros por hora, respectivamente, para garantir maior autonomia à bateria. Segundo a Voltz, uma carga completa é capaz de rodar cerca de 60 quilômetros. Uma estimativa bem próxima da realidade. Em um dia, percorri 35 quilômetros e o nível de carga caiu para 40%, ou duas barras das cinco existentes na própria bateria e também informada no painel digital.

A bateria pode ser carregada na própria scooter, com o carregador fornecido juntamente com a EV1, ou ainda pode ser removida e ligada a uma tomada comum. Uma carga completa leva cinco horas. Vale ressaltar que a retirada não é tão simples e a bateria pesa cerca de 10 quilos. Outro inconveniente é o barulho que vem do sistema de resfriamento do carregador. 

Confortável, mas “fraca”

Apesar do porte de uma scooter de 150 cc, o desempenho da EV1 assemelha-se ao de um ciclomotor, com propulsores de 50 cc. Mas, claro, sem poluir e sem gastar nada no posto de combustível. 

Além de sua velocidade final não ser suficiente para encarar vias expressas, como as Marginais dos rios Tietê e Pinheiros, e muito menos rodovias, outra questão são as subidas de alguns bairros paulistanos. 

A prova de fogo foi a ladeira da Rua Major Natanael, que passa pelo Estádio do Pacaembu e chega à Avenida Dr. Arnaldo. Para quem conhece a capital, sabe que se trata de umas subidas mais íngremes da região e oferece um desafio para veículos elétricos. No local, falta torque para arrancar na saída de semáforo e a EV1 demora a acelerar. Em movimento, falta potência no motor para manter a velocidade, que caiu para cerca de 30 km/h. A saída é manter-se na faixa da esquerda e ter paciência. 

Por outro lado, o conjunto ciclístico surpreendeu, mesmo com as rodas pequenas aro 12. As suspensões, até pela EV1 não atingir velocidade tão alta, absorvem bem mesmo as muitas irregularidades das ruas paulistanas. Na frente, há um garfo telescópico e, na traseira, dois amortecedores. Os freios a disco também são eficientes, mas não oferecem sistema combinado nem ABS (antitravamento).

Retorno a longo prazo

Em geral, a EV1 se saiu bem no trânsito da capital paulista. Talvez não seja a melhor escolha para aqueles que moram mais distante do trabalho ou nas cidades da região metropolitana ao redor de São Paulo. O desempenho não é suficiente para rodar em uma rodovia, como a Dutra, que vem de Guarulhos, por exemplo. E também não dá para confiar em uma autonomia muito justa.

Mas pode ser uma boa opção para quem mora perto do escritório e não aguenta mais ver seu dinheiro sendo “queimado” nos congestionamentos. Para trajetos curtos, de até 10 ou 15 quilômetros, em avenidas com a velocidade máxima de 50 km/h, a EV1 é uma alternativa de mobilidade interessante. 

Além de não poluir, o gasto com “combustível”, ou seja, para recarregar a bateria, é ínfimo. Outro fator a favor da scooter elétrica é o baixo custo da manutenção, já que não há revisões obrigatórias e os gastos se resumem a pneus, freios e impostos anuais. A bateria promete mil ciclos de vida útil e tem garantia nos primeiros 600. A longo prazo, pode compensar.

Ecossistema “elétrico”

Na loja-conceito e nos showrooms, é possível fazer um test ride

As scooters e motos da Voltz são produzidas, por enquanto, na planta fabril que a marca tem em Cabo de Santo Agostinho (PE). Mas a empresa já conseguiu autorização para levar a produção de seus veículos elétricos a Manaus (AM) em 2021, com o objetivo de aproveitar os incentivos fiscais do Polo Industrial. Inicialmente, a nova unidade terá capacidade para produzir até 8 mil veículos anualmente e, em três anos, a meta é chegar a 22 mil unidades por ano. 

Para atender às necessidades de mobilidade em cidades maiores como São Paulo, a Voltz também deve lançar, em breve, novas versões da EV1. Batizadas de EV1 Plus e EV1 Sport, terão mais potência e maior autonomia. 

Estão nos planos também oferecer financiamento e seguro mais acessíveis com base em sua tecnologia. “Os juros para financiar motos são muito altos, porque é fácil ‘sumir’ com uma moto normal”, explica Manoel Fonseca, diretor de marketing da Voltz. A empresa afirma que o monitoramento por nuvem de suas motos elétricas permite localizar facilmente até mesmo a bateria, caso seja ativada. A localização, em tempo real, também deve baratear o prêmio do seguro dos modelos, aposta a Voltz. 

A longo prazo, há planos de criar estações de compartilhamento de baterias elétricas, além de oferecer aluguel de suas motos elétricas para frotistas e venda para empresas de compartilhamento de scooters.

Detalhes da Voltz EV1

A EV1 é vendida, exclusivamente, pelo site da Voltz Motors, em oito opções de cor. O preço é de R$ 9.490, mais o frete, já que ela é entregue na sua casa. Na loja-conceito e nos showrooms, também é possível fazer um test ride. As entregas levam em torno de 60 dias. Conheça alguns detalhes da primeira scooter elétrica “made in Brasil”.

Motor e bateria

O motor de 1.800 watts (W) da marca Bosch é instalado na roda traseira. A bateria de íons de lítio tem 28 Ah é de 378 W com tensão nominal de 36 V

Design 

Com desenho futurista, a EV1 tem faróis, piscas e lanterna em LED. O acabamento merece destaque, com peças plásticas bem encaixadas e com pouco ruído

Painel digital

O painel digital é simples, de LCD, mas traz as informações necessárias: velocidade, carga da bateria, hodômetro e relógio

Rodas e pneus

As rodas são de liga leve, aro 12, e usam pneus sem câmara da marca Maxxis

Conectividade

A EV1 traz duas tomadas USB, para carregar o smartphone. Há ainda dois alto-falantes com conexão Bluetooth para ouvir música do celular

Praticidade

A EV1 tem chave smart key, que permite abrir o banco, ligar a scooter e até travá-la, tudo à distância. O espaço embaixo do banco é bom, mas não comporta um capacete

De 1 a 5, quanto esse artigo foi útil para você?

Quer uma navegação personalizada?

Cadastre-se aqui

0 Comentários


Faça o login