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Pesquisa científica aplicada à mobilidade urbana

Por: . 16/08/2023
Mobilidade para quê?

Pesquisa científica aplicada à mobilidade urbana

O setor privado, em parceria com instituições acadêmicas, também pode desempenhar um papel importante nessa área

4 minutos, 18 segundos de leitura

16/08/2023

Foto: Getty Images

Combustível, motor, tipo de veículo. Muitas das discussões que vemos sobre mobilidade urbana e sua relação com as mudanças climáticas se resumem a variações em torno desses temas. Seria ótimo se assim fosse, pois simplificaria demais a busca por soluções sustentáveis para o deslocamento de pessoas e produtos pelas cidades e entre elas. Essa, porém, é uma discussão mais complexa e que precisa ser abordada da maneira mais abrangente para que sejam atingidos resultados com reais impactos positivos. Mas como saber exatamente em que fatores devemos atuar? É aí que entram as pesquisas científicas.

O trabalho de pesquisadores é fundamental para que possamos olhar para além daquilo que está na superfície. A produção acadêmica de qualidade permite que tenhamos uma visão mais completa e contextualizada das questões fundamentais para nossas vidas – como a relação entre mobilidade urbana e as mudanças climáticas.

O Brasil, no entanto, historicamente, investe pouco em pesquisas. Em relação ao PIB, destinamos recursos em uma proporção consideravelmente abaixo da média mundial. Em 2019, o País investiu 1,21% do seu produto interno bruto, enquanto o mundo destinou, em média, 2,33%, segundo a Unesco. Dados do Observatório do Conhecimento, por sua vez, mostram ainda que o investimento público federal em pesquisas caiu cerca de 60% entre 2014 e 2022.

Mesmo diante desse cenário, a ciência brasileira tem sido capaz de entregar resultados. Em 2022, o Brasil foi o 14º país com mais artigos publicados, segundo um ranking elaborado pela SCImago com base na análise de revistas científicas do mundo todo. Incrementos substanciais no financiamento de pesquisas poderiam ter efeitos potentes sobre a produção científica brasileira e, se é importante cobrar de governos mais recursos, vale lembrar que o setor privado, em parceria com instituições acadêmicas, também pode desempenhar um papel importante nessa área.

Desvendando complexidades

O Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) talvez seja um dos casos mais bem-sucedidos de união holística para produção científica, cuja excelência é reconhecida globalmente. Entre seus patrocinadores e apoiadores estão governos, órgãos públicos, terceiro setor e setor privado.

O Itaú Unibanco, por exemplo, firmou com o Cebrap uma parceria para lançar o Desafio Mobilidade, iniciativa que chega à sua sexta edição e que teve como objetivo apoiar pesquisas sobre mobilidade urbana e mudanças climáticas. 

Combustível, motor e o tipo de veículo aparecem na mais recente publicação do projeto, lançada em julho passado, mas sempre dentro de um contexto maior, capaz de trazer novos dados e significados a fenômenos que, muitas vezes, são tratados de modo superficial. Um dos artigos, por exemplo, faz uma análise comparativa sobre o processo de eletrificação da frota de ônibus em São Paulo e na Cidade do México – ou seja, fala não só, mas também de combustível e motor. Ninguém contesta que a massificação de um transporte público sustentável, ainda mais em megacidades, seja importante para controlar as mudanças climáticas. O que o artigo analisa, no entanto, são os motivos pelos quais esse processo tem sido mais eficiente e bem-sucedido na cidade mexicana do que na brasileira.

Outra medida praticamente incontestável é a importância da integração entre diversos modais para construir um sistema de transporte eficiente e ambientalmente sustentável, ainda mais quando falamos da maior sinergia entre ônibus e bicicletas. Um dos artigos analisa justamente como duas cidades do Espírito Santo realizam esse tipo de integração, trazendo lições valiosas com base no que esses sistemas têm de funcional e de problemático.

O resultado da união entre setor privado e pesquisa científica é revelar as estruturas complexas que sustentam a tríade apresentada no começo deste texto. E isso é importante por alguns motivos. Para começar, permite que saibamos com mais clareza em que pontos é necessário fazer intervenções, a fim de se construir um sistema de mobilidade urbana que seja realmente sustentável e que sirva com eficiência à população. Com isso, pode-se cobrar políticas públicas capazes de avançar o sistema de transporte nessa direção. Além disso, possibilita ao próprio setor privado entender onde pode agir e com quem pode firmar parcerias para ser um agente de impactos positivos na mobilidade urbana. 

Em julho, o planeta Terra bateu, por três vezes seguidas, o seu recorde de temperatura média. Os efeitos das mudanças climáticas não estão nos esperando no futuro, e sim acontecendo agora. Isso só torna mais urgente que usemos com eficiência dois importantes fatores para combatê-los: recursos e tempo. E só podemos fazer isso sabendo, com a maior exatidão possível, onde e como agir. A ciência consegue nos ajudar a desenhar um mapa para decidirmos o que fazer, e a união entre setor privado e produção científica é fundamental para isso.

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Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão

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