Pit Boost pode inaugurar nova era na recarga da bateria

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Carro elétrico. Pit Boost pode inaugurar um novo tempo na recarga das baterias

Por: Mário Sérgio Venditti . Há 7 dias

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Inovação

Carro elétrico. Pit Boost pode inaugurar um novo tempo na recarga das baterias

Desenvolvida na Fórmula E, a solução promete agilizar a operação de reabastecimento ultrarrápido dos carros elétricos nos eletropostos

5 minutos, 21 segundos de leitura

11/02/2025

Recarga Nissan foto divulgação
Experiência das pistas de corrida da Fórmula E podem ser transformadas em novas inovações para veículos de passeio. Foto: Nissan

Durante a realização de etapa do E-Grand Prix, de São Paulo, em dezembro passado, os engenheiros da Fórmula E – a corrida disputada por monopostos elétricos – já haviam dado o recado: a categoria estava prestes a revelar tecnologias que, futuramente, poderão equipar os veículos de rua movidos a bateria.

Ninguém esperava, porém, que uma novidade chegasse tão rápida: em janeiro, a Fórmula E revelou o Pit Boost, recurso que fornece 10% de energia extra (o equivalente a 3,85 kWh) em uma recarga ultrarrápida de 30 segundos feita em equipamento de 600 kW. A estreia está prevista na rodada dupla do E-Prix de Jedá (Arábia Saudita), nos dias 14 e 15 de fevereiro.

“Depois de um longo programa de quatro anos de desenvolvimento, testes e simulações, apresentamos uma inovação impactante no automobilismo e que refletirá na eletromobilidade mundial”, afirma Alberto Longo, cofundador e diretor da Fórmula E. “O Pit Boost poderá marcar uma mudança radical no desempenho dos veículos de passeio.”

O sistema trará mais emoção às corridas, porque desafiará as equipes a repensarem suas estratégias, pesando os benefícios de aumento de energia contra o risco de perder posições, o que provocará situações imprevisíveis nas provas. No futuro, a Fórmula E vai avaliar se vale a pena incrementar o potencial de carga acima de 10%, enfatizando o progresso da tecnologia de recargas rápida e ultrarrápida de automóveis elétricos.

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Vantagem na recarga de bateria

A nova tecnologia foi recebida com entusiasmo por protagonistas da eletromobilidade brasileira. Para Bernardo Durieux, CEO da VoltBras, empresa de soluções para infraestrutura de recarga, a curto e médio prazos essa revolução na velocidade de recarga estará disponível no mercado automotivo.

“É natural que o tempo de recarga – calcanhar de Aquiles da eletrificação veicular — diminua com o avanço das tecnologias disponíveis e a Fórmula E atua como plataforma de lançamento de novos dispositivos no setor”, destaca. “Antes, as baterias dos carros 100% elétricos levavam horas para recarregar. Agora, os equipamentos já existentes no Brasil entregam 200 quilômetros de autonomia em oito minutos.”

No entender de Durieux, a principal vantagem do Pit Boost é que os motoristas não precisarão mais aguardar 30 minutos, ou mais, para carregar as baterias. “Isso vai agilizar as viagens, dar tranquilidade ao usuário e tornar o carro elétrico mais atrativo”, diz.

Desafios a curto prazo

Mas ele faz o contraponto: “A desvantagem será o alto custo dos equipamentos de carga rápida – que tende a diminuir conforme o período de disseminação –, e o risco de superaquecer os módulos de baterias. Afinal, na prática, quanto mais lento for a operação de recarga, melhor para a vida útil da baterias”.

O executivo da VoltBras lembra que a espera da recarga em pontos públicos continua sendo um dos maiores desafios para os motoristas. Por isso, há interesse das montadoras em reduzi-la e melhorar a experiência nesse modal. “Trata-se de um tema amplamente estudado na academia e nos centros de pesquisas no mundo todo, com o fomento de fabricantes de carregadores. É, literalmente, uma corrida contra o tempo”, diz.

Davi Bertoncello, diretor de relações institucionais e cofundador da Tupi Mobilidade, também aplaude o lançamento do Pit Boost, que “extrapola o âmbito esportivo”. “Como é hoje, a solução até já faria sentido na eletromobilidade”, salienta. “Mas a tecnologia ainda será aprimorada e, quando chegar às ruas, poderá realimentar 100% da bateria em cinco minutos.”

No entanto, ele acredita que o Pit Boost corre o risco de esbarrar em barreiras econômicas. “Quanto custaria um equipamento de 600 kW? A questão do custo precisa ser considerada. Montadoras e empresas de infraestrutura de recarga estarão dispostas a efetuar esse investimento?”, indaga.   

Bertoncello explica que o carro de rua não passará por adaptações.  A limitação para usar toda a potência de um carregador de 600 kW não está no veículo, mas na capacidade da bateria de suportar essa taxa de recarga. “Os equipamentos e os carros seguem protocolos de comunicação. Quando se conectam entre si, os dois ‘conversam’ e ajustam a potência automaticamente para um nível seguro e compatível”, diz. .

O carregador de 600 kW utiliza os padrões existentes, sem exigir a troca do conector do carro. O fator limitante é a bateria. Para que um veículo use toda a potência de 600 kW, a bateria deve ser capaz de absorver essa carga rapidamente. Isso é definido pelo C-rate, parâmetro que indica quantas vezes a capacidade da bateria pode ser carregada ou descarregada em uma hora. “Se uma bateria tem 100 kWh e um C-rate de seis, isso significa que ela pode ser carregada a 600 kW (100 kWh vezes seis). Mas, se ela tem 50 kWh, para aproveitar 600 kW precisaria de um C-rate de 12 (50 kWh vezes 12)”, completa.

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WEG fornecerá soluções para nova fabricante Lecar

Lecar 459 será o primeiro híbrido flex nacional a chegar em 2026. Foto: Divulgação/Lecar

A Lecar, nova montadora brasileira de veículos sustentáveis, e a WEG, empresa que atua no setor de tecnologia e soluções em energia, assinaram um memorando que prevê o fornecimento de geradores e inversores elétricos. O acordo permitirá a produção em larga escala para o modelo híbrido 459 e outros carros eletrificados da marca, com previsão de lançamento a partir de 2026.

Segundo a WEG, a tecnologia do gerador combina a sustentabilidade da propulsão elétrica com a autonomia e flexibilidade do motor a combustão flex, ajudando a mitigar a pegada de carbono.

“A parceria possibilita o desenvolvimento do nosso automóvel híbrido flex, por meio de uma tecnologia única no mercado, que alia motores a combustão flex e elétrico e gerador WEG”, diz Flávio Figueiredo de Assis, CEO da Lecar.

Para Carlos Grillo, diretor-superintendente da WEG Digital e Sistemas, a união com a Lecar representa um marco na eletrificação da mobilidade brasileira. “Vamos iniciar o desenvolvimento e o fornecimento dos componentes de alto desempenho elétrico para o primeiro carro híbrido flex nacional”, comemora.

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